sexta-feira, novembro 22, 2024
23.9 C
Vitória
sexta-feira, novembro 22, 2024
sexta-feira, novembro 22, 2024

Leia Também:

Cursinhos populares lutam por acesso e permanência de estudantes na universidade

AfirmAção e Risoflora estão com inscrições abertas para estudantes em quatro municípios do Espírito Santo

Os cursinhos comunitários são uma importante ferramenta para o ingresso de estudantes de origem popular nas universidades, principalmente as públicas. Entretanto, não basta o acesso, tem que garantir também a permanência nas instituições de ensino superior. Por isso, além da tarefa de preparar os estudantes para ter um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os cursinhos buscam fazer com que, dentro das universidades, esses alunos possam se mobilizar por políticas de ação afirmativa.

O Cursinho Popular Risoflora, em Maria Ortiz, Vitória, tem uma proposta de “educação revolucionária”, como afirma uma de suas coordenadoras, Brenda Kelves da Costa Garcia. “A gente tem um recorte social, com foco principal nos negros e periféricos, mas abraçamos todas minorias, como indígenas e a comunidade LGBTQ+. Potencializamos esse público, temos uma educação voltada para esse público, para que, refletindo sobre sua realidade, possam mudá-la, inclusive dentro da universidade”, diz.

Brenda acredita que a mobilização dos estudantes de origem popular dentro das universidades, em articulação com os movimentos sociais, se faz necessária para a popularização do ensino superior. 

O coordenador do pré-vestibular popular AfirmAção, Antônio Barbosa, destaca que governos anteriores ampliaram o acesso ao ensino superior, como as cotas raciais e sociais e o Programa Universidade Para Todos (Prouni), que possibilita a obtenção de bolsas em faculdades particulares. Entretanto, destaca, a defesa do cursinho é a ampliação de oportunidades nas universidades públicas.

Antônio salienta que os cortes no investimento em educação nos últimos anos, como nos governos Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e, principalmente, Jair Bolsonaro (PL), prejudicaram ainda mais a permanência dos estudantes de origem popular na universidade.

Ele destaca a realidade do Espírito nesse aspecto. “A Ufes [Universidade Federal do Espírito Santo] não tem moradia estudantil e precisa de uma expansão maior com qualidade de investimento. O Ifes [Instituto Federal do Espírito Santo] acaba cumprindo esse papel de interiorização, mas precisa de maior investimento também”, aponta.

Segundo Antônio, uma das propostas do AfirmAção é inaugurar um núcleo em Guarapari e expandir para as regiões norte e sul do Estado. Hoje o cursinho conta com cinco núcleos, que são nos bairros Rio Marinho e Santana, em Cariacica; Feu Rosa, na Serra; Santa Rita, em Vila Velha; e no Território do Bem, em Vitória.

Inscrições abertas
Tanto o AfirmAção quanto o Risoflora estão com inscrições abertas. Para uma das 60 vagas para estudar no Risoflora, o processo deve ser feito neste link até 18 de março. As aulas, gratuitas e com início em nove de abril, serão aos sábados, das 9h às 17h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Juscelino Kubitschek de Oliveira, no bairro Maria Ortiz.
As inscrições para o AfirmAção podem ser feitas até 11 de março neste link. As aulas, que assim como no Risoflora são gratuitas, iniciam em 19 de março, nos cinco núcleos do cursinho popular. 
O AfirmAção também está com inscrições abertas para professores voluntários, que devem ser feitas neste link. A professora Darlete Gomes Nascimento leciona espanhol no cursinho. Ela explica que atua como voluntária por compreender que a diferença entre grupos de estudantes é a oportunidade. “A gente está falando de alunos que trabalham e estudam, com problemas no seio familiar, que vivem em uma sociedade preconceituosa, que exclui principalmente os pretos. É uma somatória de coisas”.
Darlete incentiva outros professores a também se voluntariar. “Voluntariado é muito legal e necessário em um contexto tão desigual como o que a gente vive”, afirma. Quanto à experiência, ela destaca que a faz se sentir “ótima”. “Eu sinto que recebo mais do que dou. Ver os alunos entrarem na universidade é muito emocionante. Aqueles que não passam também nos emocionam, pela vontade, são um incentivo maravilhoso para a gente. A motivação deles nos motiva a continuar”, ensina.

Mais Lidas