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‘Perseguiram só o meu bar’, diz proprietária multada no Carnaval

Tradicional Bar da Zilda, que foi uma das opções de entretenimento gratuitas no feriado, teve equipamentos apreendidos

A ação de fiscalização nessa terça-feira de Carnaval em bares do Centro de Vitória provocou protestos de comerciantes e frequentadores. O tradicional Bar da Zilda, na Rua Maria Saraiva, teve equipamento de som apreendido e recebeu multa de cerca de R$ 1,3 mil. “Em 30 anos de bar, nunca tinha acontecido isso”, disse Zilda Aquino, proprietária do estabelecimento, que é um dos principais redutos de samba no Estado.

Segundo ela, na noite anterior, o estabelecimento havia sido visitado pela fiscalização próximo às 23h, quando foi pedido que o som fosse desligado, o que foi acatado, sendo que o local não foi notificado. Na terça, pouco antes das 18h, quando o tradicional samba ainda não havia sido iniciado e o som estava desligado, o equipamento foi apreendido em ação que contou com apoio da Guarda Municipal e sua Ronda Ostensiva Municipal (Romu), grupo especial que tem atuado de forma repressiva no município.

Operação de apreensão das caixas de som antes do início do samba no Bar da Zilda. Foto: Divulgação

Depois da apreensão, o bar seguiu aberto, porém sem música ao vivo, e as pessoas continuaram frequentando a rua e seus arredores, que se configuram como um ponto tradicional de encontro noturno no bairro. Durante a noite, houve operações da Polícia Militar com apoio da Romu, com uso  de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersão próximo da Rua Sete e Rua Maria Saraiva, assim como nas proximidades da Praça Costa Pereira, onde acontecia o evento Subúrbio, no Terraço Rosário, local fechado.

“É uma coisa revoltante, não tinha necessidade disso. Se juntou gente demais na rua, é porque Vitória não tinha evento nenhum. Como meu samba é conhecido, todo carnaval o povo vem, acabou juntando”, alega Zilda, que rebateu a fala do secretário de Desenvolvimento de Vitória, Marcelo Oliveira, de que o bar estaria promovendo evento clandestino. “Meu alvará é de bar, restaurante e similares com entretenimento. Não estou fazendo nada ilegal”, alegou a comerciante, que chegou a se reunir com o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, e com a Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), antes do carnaval, tendo se informado de que o bar poderia funcionar, já que o som fica dentro do estabelecimento.

A questão é que, como em todo fim de semana em que o local funciona, o público do bar ocupa também as ruas do entorno, o que costuma se intensificar em datas comemorativas. O Decreto 20415/2022, que regula as ações para o carnaval do município, proíbe em seu artigo primeiro, entre outros pontos, “a realização de todo e qualquer evento dos quais resulte em aglomeração de pessoas nos espaços públicos abertos e vias, onde não é possível o controle de acesso do público”.

Os blocos de carnaval respeitaram o decreto, que previa a suspensão do carnaval 2023 para quem descumprisse, e não saíram durante os dias das festividades. Porém, Sandra Oliveira, integrante do Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão), reclamou da falta de programação da prefeitura.

“A gente avisou várias vezes que o carnaval aconteceria independente da prefeitura, que as pessoas iriam para a rua. Houve autorização para eventos fechados com entradas caras, mas não houve alternativa para quem não podia pagar, as pessoas foram para a rua. Então a folia aconteceu de forma desorganizada. Isso se dá pela contradição da prefeitura em permitir festas fechadas e não garantir um carnaval gratuito”, considera.

“Como que a prefeitura quer fazer do Centro de Vitória um polo gastronômico, como pretende, se ela mesmo não abraça o Centro e sua cultura? Se ao invés de abraçar, ela quer acabar?”, desabafa Zilda. 

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