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Campanha se manifesta contra mercantilização da educação

Igreja e movimentos sociais se uniram no lançamento da Campanha da Fraternidade, que culminou no campus da Ufes

Centenas de pessoas participaram nesse domingo (6) do lançamento da Campanha da Fraternidade no Espírito Santo. Evento tradicional impulsionado pela Igreja Católica e movimentos sociais no período da quaresma, a campanha deste ano traz como tema a educação e como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, frase extraída do livro bíblico de Provérbios.

O ato se concentrou em Camburi, em Vitória, e foi até a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contando com presença das maiores autoridades católicas no Espírito Santo, o arcebispo Dom Dario Campos e o recém-nomeado bispo auxiliar Don Andherson Franklin Lustoza. Padre Kelder Brandão, responsável pelo Vicariato para a Ação Social, Política e Ecumênica, avaliou o lançamento como positivo. Apesar dos desafios por conta do calor intenso e da necessidade de manter os protocolos sanitários, o ato conseguiu, em sua opinião, somar um número satisfatório de pessoas. 

Divulgação

“Foi uma atividade com conteúdo orativo, celebrativo, mas muito consistente nas proposições, a partir do Pacto Educativo Global lançado pelo Papa Francisco e do que a igreja entende como um processo educativo global e inclusivo, para além da perspectiva e metodologia mercadológicas”, afirmou padre Kelder.

Com carro de som, faixas, bandeiras, discursos e canções, o ato também teve paradas em pontos estratégicos, como as comunidades católicas de Divino Espírito Santo e Santa Clara, em Jardim da Penha, abordando temas como a evasão escolar, que aumentou na pandemia e prejudica especialmente as pessoas mais pobres, e também a questão da luta de estudantes com necessidades especiais e de seus responsáveis por uma educação inclusiva.

A ação culminou na escadaria do Teatro Universitário, dentro da Ufes, vista como um símbolo da qualidade de ensino público, que vem sofrendo com ataques e cortes do governo federal.

Manifesto

Durante o ato foi lido e divulgado um manifesto estadual da campanha, que é realizada em todo país. “Em um contexto político e econômico sem precedentes, dilacerados por uma pandemia letal, em que se aprofundam a pobreza e os processos de exclusão educacional, os que têm nas mãos o poder econômico defendem a volta à normalidade, ignorando as milhares de vidas perdidas, fortalecendo os formuladores das políticas educacionais e gestores públicos em suas decisões”, aponta o documento.

A carta critica a intensificação do controle curricular e da mercantilização da educação, citando propostas como as escolas cívico-militares, a Reforma do Ensino Médio, a chamada Política Nacional de Alfabetização e o projeto Escola Sem Partido, além de criticar a desconstrução e desrespeito aos planos de educação a nível municipal, estadual e federal, “construídos coletivamente para assegurar um financiamento público sólido, com controle social e planejamento”.

O manifesto finaliza apresentando oito reivindicações gerais com base do Pacto Educativo Global:

1. Queremos a retomada dos avanços alcançados nas últimas décadas com a concretização dos preceitos estabelecidos na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96;

2. Queremos a adequada utilização do orçamento da Educação pelo Governo do Estado em um Programa de Recuperação das perdas educacionais da pandemia e dos prejuízos históricos que têm sofrido a educação formal, a partir da escuta à comunidade escolar;

3. Queremos Educação para todos e todas com políticas de ações para a acessibilidade que contemple as diferenças e as necessidade das pessoas com deficiência;

4. Queremos Educação para todos e todas, que contribua para fortalecer as relações igualitárias nas relações de gênero com reconhecimento, respeito pelas diferenças, melhoria da qualidade de vida e inclusão para todos/as (negros, indígenas, quilombolas, educação do campo, jovens e adultos, educação prisional, LGBTQIA+ e a concretização do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos;

5. Queremos acesso à internet para todas escolas da cidade e do campo, com condições para esses acessos, assegurando o direito ao uso das novas tecnologias de informação;

6. Queremos funcionamento efetivo das redes de atenção e apoio às escolas, com aproximação da escola com as famílias e outras instituições como os movimentos sociais e CRAS;

7. Queremos valorização e respeito ao/à professor/a em sua liberdade de exercer o ofício de educar e condições dignas de trabalho, por meio do piso salarial;

8. Queremos a escola laica com respeito à diversidade religiosa existente no país.

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