Presidente do partido no Estado, Bruno Lourenço, diz que “se Adilson Espindula quiser resolver tudo em paz, será liberado”
“O deputado Adilson Espindula foi avisado que se tratava de fraude, um crime de estelionato”, disse a Século Diário nesta quinta-feira (17) o advogado do PTB em Brasília, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, ao comentar sobre o processo na Comissão Nacional de Ética no qual o parlamentar é citado como participante da articulação liderada por Graciele Nienov, denunciada também por meio de queixa-crime com pedido de investigação policial. As investigações vão apurar as responsabilidades sobre a destituição de forma ilegal de comissões executivas em 11 estados, inclusive no Espírito Santo.
O parlamentar assumiu a presidência estadual do partido no último dia 8, depois de anunciada a destituição do empresário Bruno Lourenço de Souza, contestada de imediato pela diretoria no Estado e também em Brasília. A movimentação para desmentir notícias divulgadas pela ex-presidente da legenda, Graciele Nienov, que liderou a suposta fraude, envolveu pré-candidatos às eleições de outubro, como o Tenente Assis, ligado a Bruno Lourenço, concorrente à Câmara Federal e é um dos articuladores da legenda.
“Ele não podia fazer o que fez”, acentuou o advogado Luiz Gustavo, explicando que nesta quinta-feira a Comissão de Ética indicará o relator do processo, que dará “todo direito de defesa ao deputado e aos demais envolvidos, inclusive a ex-presidente da legenda, Graciele Nienov”. O processo envolve ainda a ex-presidente do PTB Mulher do Espírito Santo, Viviane Barbosa, de acordo com documento protocolado nessa segunda-feira (14), em Brasília.
Bruno Lourenço, presidente estadual do PTB, afirma que Adilson Espindula acreditou em uma “mentira, armada por pessoas que querem atrapalhar o partido, no momento em que estamos montando chapas para estadual e federal e ampliando o quadro de filiados”. Acrescentou que há meses já havia conversado com o deputado sobre os projetos do partido.
A direção do PTB no Espírito Santo e a maioria dos membros apoiam o pré-candidato ao governo Carlos Manato (PL) ao governo, enquanto Adilson Espindula e o vereador de Vitória Anderson Goggi, que também assumiu cargo no partido, são aliados do governador Renato Casagrande (PSB).
“Sei que ele é um deputado do interior, precisa do governador. Ele acreditou no ‘canto da sereia’, mas se quiser resolver tudo na paz, eu o libero”, diz Bruno Lourenço, o que deixaria o parlamentar livre para se filiar a outra legenda sem a perda do mandato. Nos bastidores, os comentários é que ele deverá ser expulso, caso não haja um acordo. Espindula, no entanto, pode se antecipar e deixar a legenda até o dia 1º de abril, prazo da atual janela partidária.
Procurado por várias vezes para falar sobre o caso, o deputado Adilson Espindula prometeu uma entrevista para o dia 9, que não ocorreu, porque ele se recusou a abordar o assunto. Na noite dessa quarta-feira (16), a assessoria jurídica do parlamentar manteve contato com Século Diário e pediu para alterar a matéria publicada horas antes.
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iante da negativa, considerando que nada havia a ser alterado, ficou acertado o envio de uma nota, já que o parlamentar “só daria entrevista quando ele achar que é necessário”. Nesta quinta-feira (17), porém, a assessoria não encaminhou a nota e sequer respondeu ao contato por meio do WhatsApp, expedido às 7h16: “Bom dia. Estou aguardando a nota ou uma entrevista do Adilson Espindula”.Na denúncia encaminhada ao Conselho de Ética e que serve de base para a abertura das investigações, fica configurada “a participação da ex-presidente Graciela Nienov, clara traidora dos preceitos estatutários do PTB e, agora suspeita pelo cometimento de crimes no intuito de se autobeneficiar (…) e, conforme documentos em anexo, verifica-se que os membros acima nomeados são signatários apoiadores”.