Até o fechamento desta matéria, no entanto, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) ainda não havia divulgado qualquer nota oficial ou respondido aos questionamentos feitos por Século Diário nem sobre o fato de domingo, tampouco sobre as investigações relativas ao vazamento ocorrido em 15 de fevereiro.
Já a empresa nega que tenha ocorrido novo vazamento e alega que o produto encontrado pelos moradores é decorrente de uma atividade de manutenção dos dutos, mas que já foi removido. “Temos realizado testes de pressão e de ultrassom desde o início da ocorrência, há 40 dias aproximadamente. Algumas vezes, na ocasião dos testes e outras vezes no início da operação assistida, identificamos algo a ser trocado, como ontem [domingo, 27], porque as linhas estão sendo testadas a pressões mais altas do que a de operação, para assegurar que não corremos risco de rompimento”, alegou o diretor de Sustentabilidade do Grupo Imetame, Sergio Fantini, em comunicado compartilhado em redes de WhatsApp.
Em sua página na internet, a Imetame publicou na sexta-feira (25) a última atualização sobre as ações que estão sendo realizadas no local do vazamento de fevereiro. Segundo a nota, “as áreas com água já apresentam um grau de limpeza que pode ser percebido visualmente” e que “as barreiras continuam sendo utilizadas, agora com função de prevenção em caso de alagamentos futuros”.
‘O custo da privatização’
No final de fevereiro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou uma nota assinada pelo Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), os gabinetes dos deputados Iriny Lopes (estadual) e Helder Salomão (federal), do PT, a Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional (Fase) e a Associação de Surf de Regência (ASR).
Em visita ao local um dia após o vazamento, o Sindipetro/ES já havia denunciado o fato como um dos “custos da privatização” e apontou “nítida falta de experiência” da empresa em lidar com emergências.
Inimigo do clima
Já o coordenador estadual da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), Marcelo Calazans, chama atenção para o fato de que “assim como a Imetame, a maior parte das empresas que operam nesse submercado da produção nacional não tem expertise no setor, nem capital para o operar com tecnologia mais moderna e segura.
Para tornar a atividade mais rentável, aponta, essas empresas necessitam de “muito apoio e incentivos fiscais do Estado, além de baixo investimento em tecnologia e mão de obra, bem como baixa fiscalização e valor das multas, sem nada de reparação”.
A atividade está “na contramão de seus discursos [de governos e empresas] sobre mudanças climáticas”, sublinha Marcelo Calazans. Ainda assim são grandes receptoras de benefícios fiscais. “Os governos federal e estadual têm incentivado a expansão da indústria petroleira, como os investimentos do Bandes [Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo] no Porto Central, em Presidente Kennedy, e os 40 milhões na Imetame, via Bandes [Banco de Desenvolvimento do Estado] e Banestes [Banco do Espírito Santo]”.