Cada vez mais, jovens se envolvem na luta pelos direitos do próprio povo. 18º ATL prossegue até dia 14
Esta semana, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) concluiu: ‘é um ATL de rosto jovem’. Na 18ª edição do Acampamento Terra Livre, considerada a maior mobilização indígena do país, a instituição reafirma um cenário que era perceptível nas aldeias e nas redes sociais. A juventude indígena está cada vez mais ativa na luta pelos próprios direitos.
A Tupinikim Yara Vitoriano do Rosário, 16 anos, é da aldeia Caieiras Velha, em Aracruz, e participou pela primeira vez do ATL este ano. Ela conta que percebe esse aumento do engajamento entre jovens indígenas. “Os jovens são os que mais frequentam, pra conhecer mais sobre a cultura e defender os nossos direitos (…) pra não deixarmos que roubem nossa terra e os nossos direitos indígenas”, afirma.
Mobilizações como o ATL acabam sendo fundamentais para que os jovens tenham contato com as próprias tradições. Renato Tupinikim, que participa da organização dessas viagens de Aracruz para Brasília, também nota o espaço que a juventude está tomando. “O movimento aumentou quando a gente trouxe eles pro acampamento. Cada ano que a gente vem, mais jovens e adolescentes querem vir, porque eles querem passar por essa experiência”, explica.
O mobilizador, que participou de 16 das 18 edições do ATL, conta que o contexto de mobilização da juventude em todo o Brasil também é perceptível entre os Tupinikins e Guaranis do Espírito Santo. “Viemos em três ônibus e a maioria era jovem. Então, acredito que o fortalecimento tá sendo cada vez maior. Eles estão retornando hoje (8) para Aracruz, já pensando no retorno quando for a votação do Marco Temporal”, destaca.
De acordo com a Apib, essa renovação de idade entre os participantes das mobilizações é um movimento natural para as populações indígenas, que têm como tradição celebrar os anciões e ancestrais. “A juventude é a principal afetada, é quem tá sofrendo as consequências do que tá acontecendo dentro dos nossos territórios, a juventude também está sendo ameaçada”, disse Txai Surui, líder indígena da juventude, em um comunicado divulgado pela Apib.
CRJ Aracruz
Na última quinta-feira (7), durante a inauguração do Centro de Referência das Juventudes (CRJ) em Aracruz, o vereador e ex-cacique, Vilson Jaguareté (PT), falou sobre a importância de políticas públicas que garantam os direitos dos jovens indígenas.
“Os jovens sempre desempenharam papel importante nos movimentos sociais, assumindo postos de liderança em protestos mundo afora, organizando manifestações e ocupando o espaço público com demandas sociais, políticas, econômicas e culturais. Nas ruas, nas comunidades, nas redes sociais e internet em geral! Da mesma forma, eu tive a oportunidade de fazer a diferença junto ao meu povo na defesa de nosso território e de nossa etnia (…) Nosso país precisa cuidar melhor de sua juventude, mas, para tanto, é necessário que toda sociedade se envolva nas discussões para elaboração de um conjunto de políticas públicas que conduzam o jovem a um futuro digno”, declarou o parlamentar.