Professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realizam assembleia na próxima quarta-feira (20), para deliberar a construção de uma greve unificada no País. O debate é feito não somente por professores universitários, mas também nas bases de várias categorias de servidores federais. Os trabalhadores reivindicam recomposição salarial de 19,99%; arquivamento da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, que trata da reforma Administrativa; e a revogação da Emenda Complementar 95, que congelou os investimentos em políticas públicas por 20 anos.
Segundo a presidente da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), Junia Zaidan, a defasagem de 19,99% é referente aos últimos três anos, mas se for considerar os últimos cinco, sobe para 50%.
A proposta da PEC 32 altera cerca de 80 pontos da Constituição Federal, que acabam com a estabilidade dos servidores e reduzem a realização de concurso público, utilizando como argumentos o combate aos privilégios, sem afetar, porém, salários do topo da pirâmide, como de magistrados, militares e parlamentares. “Vai atingir somente a base dos servidores, que não tem privilégios”, critica Junia.
A construção da greve vem sendo discutida em nível nacional por meio do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) e da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).
Outras assembleias para tratar do tema foram realizadas em janeiro e fevereiro deste ano. Junia explica que a próxima será para ratificar esse posicionamento. “Construção de greve não significa indicativo, que pode vir a ser discutido mais à frente”, destaca, apontando que a revogação da EC 95, por exemplo, é uma reivindicação que pode demandar muito tempo de mobilização.
“Ela já está sendo implementada e, independentemente de quem vencer as eleições presidenciais, é uma pauta que permanecerá”, afirma.
Desde 17 de março, servidores públicos federais têm feito protestos em Brasília, em frente ao prédio do Ministério da Economia, onde chegaram a visitar o
Acampamento Terra Livre, composto por cerca de 8 mil indígenas contrários ao processo de destruição de suas terras e violações por parte do governo Jair Bolsonaro (PL).