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Ações homenageiam e protestam por justiça pela jovem Luisa Lopes

Amigos e parentes de ciclista que foi atropelada em Camburi convocaram ato para a noite desta terça-feira

O caso do atropelamento fatal da ciclista Luisa Lopes têm provocado indignação em muitos capixabas. Amigos e parentes da estudante, modelo e artista de 24 anos, convocaram para esta terça-feira (19), às 18h, um protesto com o chamado “Justiça por Luisa Lopes”. A ação contará com falas e apresentações culturais com roda de capoeira, Bloco Afrokizomba e grupo Performance Itinerante, do qual fazia parte a jovem que morreu na noite da última sexta-feira, 15 de abril, justamente no Dia Mundial do Ciclista. 

A jovem de 24 anos perdeu a vida após ser atropelada na Avenida Dante Michelini, em Camburi. Foto: Facebook

“Será um ato por justiça mas também em memória dessa grande mulher”, diz Karini Bergi, integrante do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Estado (Ufes) e uma das apoiadoras na organização do ato.

Os vídeos da motorista do carro que atropelou Luisa, Adriana Felisberto Pereira, logo após o incidente, nos quais ela confirma que estava num bar, causaram revolta nas pessoas próximas à vítima, que consideram que a condutora aparenta sintomas de embriaguez e demonstra insensibilidade em relação ao ocorrido com vítima fatal. Eles temem que o caso termine em impunidade. Embora Adriana tenha sido presa, ela foi liberada mediante fiança de R$ 3 mil.

A programação de atividades em memória de Luisa, porém, não terá apenas o ato. Nesta segunda-feira (18), às 17h, acontece uma oficina de cartazes na Cantina do Onofre, na Ufes, para preparar intervenções para o ato do dia seguinte.

Na terça-feira, às 18h, será colocado no local do acidente uma Ghost Bike, um tipo de instalação em protesto feito por cicloativistas pelo mundo. Se trata da instalação de bicicletas pintadas de branco em lugares em que ciclistas foram vítimas fatais da violência do trânsito, como forma de memória e cobrança por mudanças.

Estudante finalista de Oceanografia, Luisa fazia parte do coletivo Performance Itinerante e do grupo de passistas da Unidos de Jucutuquara. Foto: Facebook

Karini lembra que Luisa costumava se deslocar com frequência pela cidade em bicicleta, participava de pedaladas coletivas, e convivia com grupos de amigos que tinham o hábito de se locomover de bicicleta, também por questões políticas. Luisa Lopes estava no último período do curso de Oceanografia na Ufes e havia participado na semana anterior do desfile da Unidos de Jucutuquara, escola de samba da qual era passista.

Grupos de cicloativistas também estarão presentes nos atos e junto a outras pessoas e coletivos, devem levar reivindicações para melhoria da segurança no trânsito. No Manifesto pela Mobilidade Ativa, publicado em 2020 pelo Coletivo Pedalamente, aparecem reivindicações que poderiam ajudar a evitar mortes como a de Luisa e outras pessoas vítimas da violência no trânsito.

Entre elas estão a diminuição da velocidade regulamentar das vias, a começar pelos “trechos com ocorrência de atropelamentos leves e fatais e nos locais de instalação de Bicicletas Fantasmas, tais como as reincidentes Avenidas Beira-Mar, Dante Michelini, Fernando Ferrari, Reta da Penha e Avenida Vitória”. Também citando a Avenida Dante Michelini, onde Luisa Lopes morreu, o manifesto cobra aumento do intervalo de travessia para pedestres e ciclistas nos semáforos. Segundo relatos de amigos, a jovem teria sido atropelada justamente quando atravessava a faixa de pedestres.

Mapa do Coletivo Pedalamente de Bicicletas Fantasmas instaladas em Vitória em locais de acidentes fatais com ciclistas

O manifesto ainda defende campanhas de educação para toda população, tratando da violência no trânsito contra pedestres, ciclistas e motoristas, e dialogando acerca do respeito no trânsito, das legislações vigentes e do necessário “acalmamento viário” para redução das velocidades.

“A gente já está pontuando isso há anos. Então essa morte é criminosa, não só pela pessoa que dirigia mas também pelo poder público, que não faz o que deveria para reduzir essa taxa de mortalidade”, afirma Hudson Lupi Ribeiro, do Pedalamente. Ele lembra que outras mortes têm ocorrido com frequência, mas sem causar grandes repercussões. Foi a mobilização da rede de amigos de Luisa e a existência e divulgação dos vídeos divulgados da motorista após o atropelamento que contribuíram para visibilizar o incidente da última sexta-feira.

Além das atividades citadas, o Centro Acadêmico de Oceanografia Thiony Simon, que representa os estudantes do curso da Ufes em que Luisa Lopes estudava, realiza dentro de sua Jornada Acadêmica o Sarau Luluar, em sua homenagem, nesta quarta-feira (20), a partir da 17h, na Cantina do Onofre. 

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