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PF avança em investigação de tráfico de influência em favor de empresários capixabas

Além do filho “04” de Bolsonaro, mensagens citam sua arquiteta, que também elaborou projeto para John Thomazini e Wellington Leite

Redes sociais

Mais de um ano após o caso vir à tona, avança a investigação de indícios de tráfico de influência em favor dos empresários capixabas John Thomazini e Wellington Leite, que teria intermediação do filho “Zero Quatro” do presidente Jair Bolsonaro, o Jair Renan. Mensagens de WhatsApp obtidas pela Polícia Federal (PF) identificaram o envolvimento da arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela reforma do escritório de Renan em Brasília, e, também, pelo projeto habitacional em pedra de granito de seus parceiros comerciais do Espírito Santo, apresentado ao governo federal após a intermediação.

Poucos dias depois do depoimento à PF do próprio Jair Renan, o jornal O Globo divulgou, nesta terça-feira (26), novas conversas de WhatsApp entre Tânia e o personal trainer Allan Lucena, apontado como sócio do filho “Zero Quatro” e que já havia sido citado no inquérito.

Em um dos diálogos transcritos, a arquiteta diz que conversou com um assessor da Presidência, Joel Novaes, a respeito de uma visita de empresários ao Palácio do Planalto, para apresentar a Bolsonaro o projeto para construção de unidades habitacionais.

No áudio, a arquiteta diz que a presença de Jair Renan facilitaria o apoio do presidente ao negócio: “Renan amado, eu falei com o Joel, eu vou apresentar o projeto do John quinta-feira de manhã, seu pai vai apresentar o projeto dele quinta-feira de manhã lá pros ministros e tudo mais, e à tarde fazer um passeio com ele e com o Wellington lá na Presidência até pra tentar apresentar pro teu pai, entendeu? Pro teu pai recebê-los pra entender, enfim, trocar ali miúdos pra o Exército, Aeronáutica, enfim, a Marinha abraçarem a causa para fazer a primeira vila já experimental, entendeu? E aí seria interessante você muito ir porque o teu acesso é mil vezes mais fácil do que o do Joel né?”.

A mensagem, como apontou O Globo, foi enviada em 17 de novembro de 2020. Dois dias depois, foi registrado pelo Palácio do Planalto a visita do empresário Wellington Leite, cujo destino foi o gabinete pessoal do Presidente da República. Ele ficou durante uma hora no local. “Posteriormente, Wellington Leite publicou em uma rede social, no dia 21 de março de 2021, uma foto ao lado de Jair Bolsonaro em um cenário semelhante a um gabinete no Palácio do Planalto. Ele postou a imagem para parabenizar o presidente pelo seu aniversário, sem informar a data do encontro. Não houve registro de agenda oficial entre Bolsonaro e os empresários”, relata o jornal.

Em outra mensagem analisada pela PF, Allan de Lucena diz que Jair Renan seria o “padrinho” do projeto das unidades habitacionais. O mesmo grupo empresarial doou um carro elétrico de R$ 90 mil a um projeto social do educador físico e sócio da empresa MOB, que, em depoimento, afirmou que ele utilizava o veículo. O automóvel foi devolvido após o início da investigação em março do ano passado, pedida pelo Ministério Público Federal (MPF).

Outro diálogo que chamou a atenção da PF, divulgado em O Globo, ocorreu no dia 27 de setembro de 2020. Ao conversarem sobre a intermediação de interesses de empresários no governo federal, Allan escreveu para Tânia, por meio do aplicativo WhatsApp: “A gente já fez isso”. Tânia perguntou: “Já fez o quê?”. Allan respondeu: “Levar amigos empresários em ministros”.

John Thomazini é sócio da empresa Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que tem sede em Barra de São Francisco, noroeste do Estado. Já Wellington Leite do grupo WK, que atua com crédito imobiliário, seguros e consórcio, localizada em Vila Velha.

Os dois receberam Jair Renan no Estado em setembro de 2020. O filho do presidente, que é influencer digital, veio ao Estado conversar com empresários interessados em patrociná-lo e fazer negócios com o governo federal. “O seu pai (Jair Bolsonaro), que está à frente desse governo, vai certamente aprovar e vai agradecer por essa iniciativa”, exaltou Wellington na ocasião sobre o projeto das unidades habitacionais, em vídeo publicado nas redes sociais.

Pouco tempo depois, em novembro, John Thomazini conseguiu agenda com o então ministro Rogério Marinho, do Ministério do Desenvolvimento Regional, para tratar do assunto. Segundo nota divulgada pela pasta, a audiência foi solicitada “pelo senhor Joel Fonseca, assessor especial da Presidência da República”. A reunião contou com a presença de Jair Renan Bolsonaro, da arquiteta Tânia Fernandes e de Allan Lucena.

Desde a denúncia, em março de 2021, os empresários capixabas evitam responder à imprensa. O filho do presidente, em depoimento à PF no último dia 21, negou influência no encontro para apresentação do projeto e disse que “usaram seu nome para ganho pessoal”. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) se recusa a fornecer os registros dele de entrada e saída no Palácio do Planalto.

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