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​Candidatura de Audifax ao governo será lançada sem presença do Psol

Apesar das insatisfações provocadas pela federação entre Rede e Psol, partidos devem montar chapas conjuntas em maio

No embalo das movimentações eleitorais, a Rede Sustentabilidade lançará, neste sábado (30), a candidatura do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, a única do partido no País para governo estadual. O evento, que vai acontecer no Centro Comunitário de Laranjeiras, na “casa” de Audifax, promete apresentar-se já com “campanha eleitoral toda estruturada, inclusive a chapa para deputado estadual e federal”, e inclusive com presença da direção nacional da Rede, conforme anunciado por sua assessoria.

Faltou, entretanto, “combinar com os russos”, parafraseando a lendária frase de Mané Garrincha. No caso, os russos seriam o Psol, que se tornou uma espécie de “aliado-adversário” no Espírito Santo. Isso porque os dois partidos formaram nacionalmente uma federação partidária e devem com isso ir juntos para a disputa, embora não seja vontade de ambos no Estado. O presidente do Psol capixaba, Toni Cabano, confirmou a ausência do partido de esquerda, que não deverá enviar representantes para o lançamento da candidatura de Audifax Barcelos.

O clima de pouco diálogo entre as legendas foi rompido nessa terça-feira (26), com uma reunião relativamente tranquila entre representantes de cada partido, mas que não resolveu nada dos nós ainda atados em terras capixabas. As chapas para deputados não chegaram a ser discutidas e ficaram para uma próxima reunião em 12 de maio.

Mas com o lançamento da candidatura, Audifax se antecipou e vai apresentar junto uma chapa “puro-sangue” da Rede, que depois deve ser negociada com o Psol. A chapa a ser apresentada pelo partido estaria completa, com 31 candidatos a deputado estadual, e 11 a federal, número máximo permitido pela legislação. No caso da federação, a quantidade de candidatos permanece a mesma de um partido, precisando o espaço ser acordado e dividido entre as siglas federadas.

A resolução do Psol para as eleições no Espírito Santo coloca como prioridade a eleição da vereadora de Vitória Camila Valadão como deputada estadual, com expectativa de que seja até a mais votada no Estado. Também fala em lançar um nome ao Senado em contraposição à candidatura de Audifax ao governo. Ainda se posiciona contra o apoio à federação (que foi aprovada a nível nacional a contragosto da maioria do grupo estadual).

Curiosamente, a resolução nacional do Psol sobre a federação com a Rede, já sabendo da situação de impasse no Espírito Santo, inclui o estado junto com Minas Gerais, onde a Rede deve apoiar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), como regiões onde “os partidos terão autonomia para desenvolverem a tática que considerarem mais conveniente”, o que de alguma maneira aliviaria o fato de que não deve qualquer haver apoio nem engajamento da militância psolista capixaba na campanha de Audifax, o que é desejável até pelo próprio ex-prefeito, que busca uma composição ao centro.

Além do Espírito Santo, apenas no Amapá a Rede Sustentabilidade poderá fazer uso da prerrogativa de indicar o candidato ao governo, o que abria a possibilidade para candidatura do senador Randolfe Rodrigues ao governo do estado do Norte. Porém, este desistiu da mesma. 

A direção do Psol do Espírito Santo pretende bater o pé sobre a indicação de Gilbertinho Campos para o Senado, mas Audifax já sinalizou que só apoiaria candidatura que tenha maior viabilidade eleitoral. Como a Rede terá maioria no comando da federação no Estado, tenta usar as vagas para candidaturas a vice-governador e senador para atrair outros partidos e fortalecer a candidatura ao governo.

Já o Psol, na sua prioridade de eleger Camila Valadão, poderia esvaziar sua chapa para a Assembleia Legislativa, para concentrar os votos na vereadora e garanti-la como mais votada da federação, o que praticamente asseguraria seu novo mandato. Cortaria então candidatos da lista para estadual e jogaria os principais nomes de suas outras correntes internas para federal, buscando visibilizar e viabilizar quadros para eleições futuras, já que as chances da federação eleger para a Câmara Federal parecem bem remotas.

Para Audifax, ter a chapa para deputados estaduais cheia com candidatos da Rede tampouco parece má ideia, pois teria campanhas casadas em todo Estado, em que os candidatos à Assembleia fariam também campanha para governador, o que não ocorreria em caso de maior número de candidatos do Psol. 

Sendo assim, mesmo se mantida alguma beligerância, os pontos parecem tender a se acertar, um pouco à força da necessidade, mas não sem algum constrangimento.

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