Policiais federais protestaram nesta quinta-feira pela reestruturação da carreira prometida por Bolsonaro nas eleições
Os policiais federais do Espírito Santo protestaram na manhã desta quinta-feira (28) em frente ao prédio da Polícia Federal, em São Torquato, Vila Velha. O clima era de apreensão em relação ao conteúdo da minuta de Medida Provisória (MP) da reestruturação das forças policiais da União e à possibilidade de a reivindicação não ser atendida este ano, em virtude das eleições, além da insatisfação com o fato de que a reestruturação foi um dos motes da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República, mas até hoje não saiu do papel.
“Diante disso, em meio à categoria uns partem para o desânimo, outros para a crítica acentuada. Canalizamos o sentimento de decepção e frustração para fazer nossas reivindicações e sensibilizar o governo federal”, diz o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo (SINPF-ES), Hélio de Carvalho Freitas Filho.
“Temos reticências sobre o que virá nessa minuta”, acrescenta o dirigente sindical, destacando que ela foi feita sem diálogo com a categoria, que, por isso, desconhece seu conteúdo. Ele relata que a reestruturação poderá ser feita somente até quatro de julho, em virtude das eleições, prazo informado pela Procuradoria da Fazenda Nacional.
A expectativa era de que houvesse uma sinalização do Palácio do Planalto em 19 de abril a respeito da reestruturação da Polícia Federal, mas isso não se concretizou. O governo federal recuou e anunciou um reajuste linear, para todas as categorias da União, de 5%. Por isso, em uma reunião virtual da Federação Nacional dos Policiais (Fenapef), da qual participaram representantes dos 27 sindicatos, foi deliberada a realização do protesto desta quinta-feira, que aconteceu em todo o Brasil.
A minuta foi enviada em 23 de março pelo Ministério da Justiça (MJ) para o Ministério da Economia. “Diante da inércia deste momento, em que a minuta da MP estaria parada no Ministério da Economia, e do que foi propagado pela imprensa que de que seria dado um aumento linear para todo funcionalismo público, achamos por bem nos mobilizarmos para que essa manifestação possa repercutir politicamente”, ressalta Hélio.
A reestruturação, segundo o presidente do sindicato, Marcus Firme, também poderá mitigar os efeitos negativos da reforma da Previdência na categoria. Ele pontua que houve achatamento salarial, uma vez que a alíquota aumentou de 11% para 14% e, em alguns casos, como dos delegados, para 16%.
Outro problema é o da aposentadoria por invalidez. Antes, o trabalhador recebia o valor integral, agora, é proporcional ao tempo de serviço. “Você leva um tiro, fica paralítico, e pode receber um valor que corresponde, por exemplo a 30% do seu salário. Nossa profissão é de risco, isso é muito difícil”, aponta.
Para Hélio, a reestruturação trata-se de uma forma de “prezar pelo capital humano”, valorizando os trabalhadores e trazendo mais eficácia para o trabalho. Entretanto, ele afirma que, mesmo diante do “desestímulo”, a categoria “continuar a trabalhar e fazer grandes operações.