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Alunos da Ufes protestam contra problemas no restaurante universitário

Movimento estudantil relata que sistema de agendamento de refeições tem dificultado acesso à alimentação

Isabela Ludgero

Os problemas no restaurante da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foram pauta de um protesto no campus de Goiabeiras, em Vitória, nesta segunda-feira (2). Com organização do movimento Disparada-ES, formado por estudantes, os alunos reivindicaram melhores condições de atendimento, o fim do agendamento e a volta do sistema self-service.

“O nosso objetivo foi fazer um ato simbólico para mostrar qual é a situação do RU [Restaurante Universitário], até mesmo para os próprios estudantes, que estão completamente sem informação e não sabiam o que realmente estava acontecendo”, afirma Beatriz Pezzin, estudante de Geografia na Ufes e integrante do Disparada-ES.

O ato foi em frente à entrada do restaurante universitário, às 11h, horário de abertura para o almoço. Fotos da mobilização mostram o tamanho da fila de estudantes para entrada no RU, outra reclamação dos alunos. De acordo com eles, o sistema de leitura do QR Code, obrigatório para retirada das refeições, faz com que a espera, que já era grande antes da pandemia, se torne ainda maior.

Emanuel Couto, estudante de jornalismo e também integrante do Disparada-ES, explica que os alunos buscam uma resposta efetiva da direção para os problemas que têm prejudicado a permanência dos alunos no campus. “É um prejuízo muito grande, porque já aconteceu de muitos estudantes ficarem sem alimentação, principalmente o pessoal que faz curso integral, muita gente que precisa ir parar o trabalho”, ressalta.

Beatriz conta que a preocupação começou já na primeira semana de aula, quando muitos estudantes, principalmente os calouros, ficaram sem alimentação por não terem informações sobre o sistema de agendamento. “Quando começamos a conversar, principalmente com representantes dos centros acadêmicos da Ufes, percebemos que isso já estava sendo uma indignação geral e que, acima de tudo, os estudantes estão sem saber o que fazer. Eles não sabem a quem cobrar e recorrer, nem como vai ficar a situação do dia seguinte. Uma situação de completa incerteza”, enfatiza.

Além das dificuldades para efetuar o agendamento, os alunos também relatam inconsistências entre o cardápio informado no site e os pratos servidos no momento de retirada das refeições. “Só no primeiro dia de aula que a gente teve salada, que é servida separadamente, depois disso ela parou de ser servida, até porque começou a acontecer alguns problemas na quantidade de marmita, o que chega a ser absurdo, já que acontece um agendamento”, relata Beatriz.

Outra reivindicação é a diminuição do preço dos pratos que, até 2018, eram de R$ 1,50 e agora custam R$ 5 para estudantes que não são cadastrados na Assistência Estudantil, um aumento de mais de 200% em um único reajuste. Para servidores e pessoas de fora da comunidade acadêmica, as refeições custam R$ 9,50.

Os problemas com o RU nessa retomada das aulas presenciais já tinham sido denunciadas ao Século Diário na última semana. Relatos dos estudantes eram de que, muitas vezes, alunos que precisam permanecer no campus o dia todo ficam com fome, porque não conseguem agendar a refeição com pelo menos 24h de antecedência, como é exigido pela instituição.

Em um comunicado nas redes sociais no dia 27 de abril, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes informou que realizaria, nos próximos dias, uma reunião com conselhos e entidades de base para tratar dos problemas apontados.

As falhas na garantia da alimentação também foram denunciadas pelo coletivo coletivo Mães Eficientes Somos Nós (MESN), que chegou a se reunir com o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania da Ufes, Gustavo Forde, para tratar do assunto. O grupo, que luta por políticas públicas para pessoas com deficiência, foi informado que estudantes PCD’s passariam a ter prioridade de atendimento no Restaurante Universitário (RU).

A Ufes, por sua vez, informou que pretende regularizar o fornecimento de refeições por meio de produção própria “a partir de meados de maio”. De acordo com a universidade, o processo de transição para essa fase foi atrasado por dificuldades na contratação de empresas fornecedoras e prestadoras do serviço terceirizado.

Foto: Isabela Ludgero

Agendamento no Earte

O sistema de agendamento das refeições foi adotado durante o Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte). A refeição é servida em marmitas, que podem ser consumidas nos restaurantes ou retiradas para viagem. Com a retomada das aulas presenciais, no último dia 18 de abril, a Ufes manteve o sistema de agendamento nos campus de Goiabeiras, Maruípe e São Mateus. Em Alegre, sul do Estado, o fornecimento das refeições foi temporariamente suspenso por problemas com as empresas fornecedoras.

Nesta segunda-feira (2), alunos do campus de São Mateus também relataram problemas para acesso ao sistema de agendamento da Ufes. “Hoje nós ficamos sabendo que o RU de São Mateus vai ficar suspenso até o dia 24 de maio. A universidade vai fornecer um auxílio, mas apenas para os estudantes que já são assistidos”, informa Beatriz.

Para André Rodrigues, aluno do 8º período do curso de Geografia e integrante do Levante Popular da Juventude, falta transparência no repasse de informações para os alunos. “É irresponsabilidade da universidade permitir que esse sistema continue a negar o direito do estudante de se alimentar para se manter na universidade. Alimentação é permanência. A burocratização desse processo tem sido excludente para muitos estudantes”, disse em entrevista ao Século Diário. 

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