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‘Vacinação infantil no Brasil não é uma questão de opinião’, diz Nésio

Secretário de Saúde participou de debate na Câmara dos Deputados sobre diminuição da cobertura vacinal no Brasil

Reprodução/Câmara dos Deputados

O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, voltou a reforçar os baixos índices de imunização infantil no Espírito Santo e em todo o Brasil, em reunião da Frente Parlamentar do Programa Nacional de Imunizações da Câmara dos Deputados. Nésio, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), destacou o impacto da desinformação nas metas de cobertura vacinal. “Vacinação infantil no Brasil não é uma questão de opinião”, enfatizou.

Nésio apresentou uma série histórica da cobertura vacinal desde 1980. Os dados mostram que uma tendência de queda no alcance das metas é percebida desde o ano de 2013. “Uma tendência que não conseguiu ser interrompida, que precisa ser analisada com profundidade, para que a gente consiga de fato entender qual é o diagnóstico e quais são os tratamentos para esse fenômeno”, apontou.

Um exemplo são os baixos índices de vacinação contra doenças como a Poliomielite em 2021, mesmo após a ampliação das salas de vacinação. No ano passado, foram aplicadas um pouco mais de 1,9 milhão da terceira dose do imunizante contra a doença, número inferior até mesmo à quantidade aplicada em 2020 (2,22 milhões), ano de surgimento e expansão da Covid-19 no Brasil, quando a atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) passava por incertezas.

“É inacreditável que um país com uma tradição consolidada de confiança das pessoas nas vacinas alcance tais patamares de doses aplicadas. Em um ano onde as salas de vacinação foram ampliadas em todo o país”, reforçou o secretário.

Nésio atribui os baixos índices aos grandes movimentos de desinformação no país, que desacreditam autoridades sanitárias. O resultado é o ressurgimento de casos de doenças que já estavam controladas no país, como o sarampo, que possui 17 casos confirmados em três estados. “Da varíola até hoje, nós sempre tivemos movimentos antivacina, mas esses ganharam força, legitimação e porta-vozes nos últimos anos no país”.

O secretário citou o exemplo de uma campanha do Ministério da Saúde, que reduzia a campanha de vacinação infantil contra a Covid-19 a uma escolha dos pais. Na época, a campanha foi criticada por entidades médicas, por colocar a imunização em uma situação de incerteza.

No Espírito Santo, dados divulgados em abril pelo Tribunal de Contas (TCE-ES) apontavam que a disseminação de notícias falsas era uma das principais causas dos baixos índices de vacinação infantil no Estado. Na ocasião, o órgão recomendou que os municípios intensificassem as campanhas de combate à desinformação. Também foi constatado que a vacinação no Espírito Santo ocorre de forma desigual.

De acordo com dados do Portal Vacina e Confia , do Governo do Estado, nesta quarta-feira (4), apenas 50,44% das crianças foram vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19 no Espírito Santo, número ainda muito distante da meta de 90%. Mais uma vez, Nésio Fernandes destacou que a imunização infantil é garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“A vacinação infantil, no Brasil, por determinação do Congresso Nacional, não é uma questão de opinião, mas de direito da criança, estabelecido pela legislação brasileira. Vacina no Brasil é política de Estado, protegida pela sociedade e suas instituições”, pontuou.

O encontro foi realizado nessa terça-feira (3), promovido pelo deputado Pedro Westphalen (PP), presidente da Frente Parlamentar do Programa Nacional de Imunizações. Nésio Fernandes participou de forma virtual.

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