Campanha em Itapemirim começa oficialmente, com apoios e articulação de grupos políticos, mas ainda sem cravar palanque de ex-prefeitos cassados
Município que registra capítulos sombrios na política capixaba nos últimos anos, Itapemirim, no sul do Estado, abre oficialmente nesta sexta-feira (6), a nova campanha eleitoral para a prefeitura, convocada após cassação de Thiago Peçanha (Republicanos) e seu vice, Niltinho (PSDB). A exato um mês da disputa, nomes conhecidos da região se movimentam, já revelando apoios e estratégias. Um dos protagonistas desse processo, Dr. Antônio (PP), que perdeu a eleição de 2020 por poucos votos de Peçanha e moveu, por meio de sua coligação, a ação contra o ex-prefeito, reúne ao seu redor o casal Ferraço – deputada federal Norma Ayub e estadual Theodorico, ambos do União Brasil -, que tem base na região. Também já manifestou apoio, nas redes sociais, o deputado estadual Marcelo Santos (Podemos). Tem ainda a tropa do PP, que ganhou musculatura no Estado, e uma chapa com o vereador Fábio Dagata na vice, do PSB, partido do governador Renato Casagrande. Outro que está no páreo, como era esperado, é o prefeito interino, Zé Lima (PDT), compondo com o também vereador Carlinhos de Brício (Republicanos). Com polêmicas registradas logo no início de sua gestão, devido à nomeação de parentes – esposa e irmão – como secretários, o ex-presidente da Câmara articula alianças para fortalecer seu palanque e se manter no poder. Para completar o quadro, quem apareceu na meta de recuperar a cadeira foi o ex-vice-prefeito cassado, Niltinho, que saiu do Republicanos e disputará pelo PSDB, ao lado de Rogério Paresqui (MDB). Uma das frases que ele tem dito: “precisamos resgatar a dignidade do município”. Nada de foto ao lado de Peçanha, que, aliás, agora se mantém bem menos ativo nas redes sociais, mas fez uma publicação nas entrelinhas sobre o pleito, admitindo que discutia o futuro da cidade. “Itapemirim precisa de paz e estou dando minha contribuição para isso”, avisou, sem, porém, declarar apoio. Como se já não estivesse de bom tamanho, surgiu ainda outro ex-prefeito com problemas judiciais e cassado, Luciano Paiva (PTB), jurando de pé junto que seria candidato. Nesta quinta, tudo mudou. Paiva comunicou que desistiu, alegando problemas de saúde. As perguntas ainda em aberto rondam exatamente nesse campo: em qual palanque subirão Peçanha e Paiva? A essa altura do campeonato, os dois agregam ou tiram votos em Itapemirim? Foi dada a largada…
Sinais
Niltinho, só para lembrar, foi cassado junto com Peçanha, mas ao contrário do ex-prefeito, não ficou inelegível por oito anos. Os dois eram do mesmo partido. Nos vídeos que circulam nas redes sociais, a candidatura do ex-vice, ao contrário de Dr. Antônio, não contou com a cúpula nem com deputados do ninho tucano. Muito menos com Peçanha.
Nem entrou, já saiu
Sobre Luciano Paiva, ele publicou um atestado médico nesta quinta-feira, junto com afirmações de que vem nesses dias sendo alvo de acusações, para então comunicar que sofreu um mal-estar após a convenção do PTB, no último sábado (30), e precisou ser internado. Depois, disse que recebeu recomendação para não se submeter a estresse.
Nem entrou, já saiu II
Apesar das condenações judiciais, Paiva, que também é médico, garantia que não tinha impedimento, e divulgou pedido de licença como servidor da prefeitura e até vídeo apontando “compromisso com o povo para erguer um novo município”. Quem esteve do lado dele na convenção foi o deputado estadual Torino Marques (PTB), que este ano disputará a Câmara Federal.
Tiro aos alvos
Já Norma Ayub, na convenção de Dr. Antônio, fez discurso com a mira voltada para seus adversários, os grupos políticos de Paiva e Peçanha. Prefeita da cidade antes de Paiva assumir, a deputada tem exaltado que poderá voltar, finalmente, a “ajudar Itapemirim” com emendas, o que até então era negado pelos ex-prefeitos, como fez questão de repetir várias vezes para os eleitores presentes ao evento.
Território
Em 2020, a deputada saiu desse embate, escolhendo disputar outra prefeitura por onde já passou, a de Marataízes, mas não levou. Norma ficou em terceiro lugar, atrás de Tininho Batista (PDT), reeleito, e Toninho Bitencourt (Podemos). Também participou das disputas em outros redutos, como Itapemirim, já apoiando Dr. Antônio, e em Cachoeiro, com o “pupilo”, Diego Libardi (União), que também saiu derrotado.
Caso antigo
Lá atrás, eleitos na mesma chapa, Luciano Paiva e o então vice, Peçanha, saíram da condição de aliados para rompidos, com algumas reconciliações no meio, e muita polêmica. Anos e mais anos se passaram e, em julho de 2020, a dupla chamou atenção do mercado ao posar para fotos juntos, nas redes sociais, anunciando nova aliança. Resta saber se seguirão agora do mesmo lado…
Espaço
Considerando o atual cenário e até por eliminações, o único campo que os acomodaria é do prefeito interino, Zé Lima, como uma união de forças para tentar abater a oposição, Dr. Antônio. Veremos…
Convence?
Para constar, Niltinho, convenhamos, não está diante de uma missão simples, que será convencer o eleitorado de que, embora cassado e integrante da gestão passada, é o nome ideal para “devolver a dignidade a Itapemirim”, como vem defendendo. Ele caiu do cargo recentemente e o caso permanece fresco na cabeça dos moradores de Itapemirim. Em política, no entanto, tudo sempre pode acontecer.
Nas redes
“A Ufes está fazendo 68 anos e o que a gente quer: mais e mais e mais democracia. Que as nossas instituições resistam aos ataques!! Viva a Ufes! Ufes viva! Assinado: reitora eleita. Ethel Maciel, professora e epidemiologista.
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