‘Ei, Paulo Vargas! Come no RU’, gritavam os estudantes, que, na última semana, encontraram até larvas nas refeições
Estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) fizeram mais um ato, nesta segunda-feira (9), em protesto às condições do Restaurante Universitário (RU). Após o registro de larvas nas refeições servidas na última semana, alunos ocuparam o prédio da Reitoria, reivindicando o fim do sistema de agendamento, a redução no preço cobrado atualmente, e a melhoria da qualidade da alimentação. “Ei, Paulo Vargas! Come no RU!”, gritavam os alunos, mencionando o reitor da instituição.
Os estudantes se concentraram no prédio da Reitoria, no campus Goiabeiras, em Vitória. De lá, seguiram em direção ao restaurante, com cartazes e palavras de ordem. “A qualidade da comida que recebemos é terrível, vai desde marmitas com 80% de arroz, quantidades irrisórias de proteína, até marmitas com a comida azeda e larvas. A segurança alimentar e nutricional é um direito, que está longe de ser só oferecer uma quantidade de alimento sem nem se importar com o que é e em como chega para nós. É uma questão de dignidade!”, diz nota do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (DCE/Ufes) publicada nesta segunda.
O protesto também reivindicou medidas para diminuição das filas que, segundo os estudantes, se tornaram ainda maiores após o início da pandemia. Uma das sugestões é a reabertura do espaço anexo ao Restaurante Universitário de Goiabeiras, o “r.uzinho”, e a ocupação de 100% dos dois salões.
Outra reivindicação é a contratação de mais funcionários para os serviços dos restaurantes universitários, bem como a realização de concursos.
“É inaceitável que a gestão da Ufes receba seus discentes desta forma, após dois anos de contingências devido ao ensino remoto. É temeroso ver o risco posto à saúde de enorme número de discentes que necessitam se alimentar nos campi. É revoltante ver a precariedade do serviço público avançar a este ponto. O ataque aos serviços públicos por meio das terceirizações de vários setores da universidade escancara suas faces mais cruéis”, critica a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), nas redes sociais.
A entidade cobra providências que assegurem a permanência estudantil com segurança sanitária e nutricional. “São urgentes as apurações que levem à responsabilização de agentes públicos e privados envolvidos neste caso. Todo apoio ao corpo discente que se organiza para denunciar e lutar em defesa da educação pública. Basta de precarização dos serviços públicos!”, protestou.
Larvas nas refeições
Na última quinta-feira (5), alunos de diversos cursos relataram a presença de larvas nas marmitas servidas no restaurante universitário, problema que também foi relatado na sexta (6). “Não sabemos se vem de alimentos que são de baixa qualidade ou se é uma questão de armazenamento, nem como tem sido o processo de preparação, o que nos deixa muito preocupados. O que significa esse aparecimento de larvas? Qual é a procedência dessa comida? Será que daqui a pouco a gente vai ter alunos passando mal com algum tipo de intoxicação?”, questionou ao Século Diário a estudante de Geografia na Ufes e integrante do movimento Disparada-ES, Beatriz Pezzin.
Na ocasião, Beatriz relatou que entrou em contato com a direção de gestão do RU, que informou que passaria a demanda para a coordenação de nutrição, com o objetivo de identificar os motivos do problema. A estudante também foi informada que a empresa responsável pelo fornecimento das refeições seria notificada.
Um protesto já havia sido realizado por alunos no dia 2 de maio, por conta dos problemas no RU. Na mobilização, organizada pelo movimento Disparada-ES, os alunos reivindicaram melhores condições de atendimento, o fim do agendamento e a volta do sistema self-service.
Comunicado aos alunos
No último sábado, (7), em um comunicado aos alunos, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) informou que a retomada do fornecimento de refeições por meio de produção própria nos campus de Maruípe, Goiabeiras e São Mateus está prevista para acontecer no próximo dia 23.
“Os fornecedores de matéria-prima e de serviços terceirizados já foram contratados. Nesta semana, começam a ser recrutadas as equipes. Em seguida, serão realizados os treinamentos e a higienização dos espaços, equipamentos e utensílios. Até o início da produção própria nos RUs de Goiabeiras e Maruípe, previsto para o dia 23 de maio, as marmitas continuarão sendo distribuídas mediante agendamento. Os estudantes de São Mateus cadastrados na Assistência Estudantil receberão auxílio-alimentação entre os dias 4 e 20 de maio”, informou, acrescentando que, no campus de Alegre, a produção própria seria retomada nesta segunda-feira (9).
De acordo com a universidade, o processo de transição para essa fase foi atrasado “por dificuldades na contratação de empresas fornecedoras e prestadoras do serviço terceirizado”.