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Número de casos dobra a cada sete dias na quinta expansão da Covid no ES

Em abril e maio, 92% dos óbitos foram de não vacinados ou com esquema incompleto; 29% tinham menos de 60 anos

O Espírito Santo atravessa uma quinta expansão da Covid-19, com aumento significativo de casos confirmados. A tendência é que esse crescimento se mantenha durante todo o mês de junho, arrefecendo a partir de julho. Os novos dados da pandemia foram apresentados nesta segunda-feira (6), pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin. 

Já se seguiram seis semanas completas de crescimento de casos, período em que as confirmações, inicialmente, dobraram a cada quatorze dias e, na última semana epidemiológica medida, dobraram em sete dias. A positividade – percentual de testes positivos – registrou dois dígitos, chegando a 19%, e a procura por testes aumentou mais de 70%.

“Ainda não há impacto nas internações em leitos de UTI [Unidades de Tratamento Intensivo] e enfermaria. Mantemos uma média de cinco casos novos por semana de pacientes solicitando leitos Covid-19”, salientou Nésio Fernandes. Um incremento das internações, no entanto, é previsto para ocorrer ainda neste mês. 

Em paralelo, houve aumento da cobertura vacinal, especialmente entre as pessoas idosas, atingindo 90% desses públicos com três doses. “No entanto, a chegada da Ômicron impõe a necessidade de ampliar a cobertura com a quarta dose”, destacou.

O secretário de Saúde afirmou que o medicamento Baricitinibe, comprovadamente eficiente para tratamento de Covid-19, já está incorporado ao Sistema Único de Saúde capixaba, sendo utilizado nos três hospitais-referência para a doença no Estado: os hospitais estaduais de Vila Velha (antigo Ferroviários), de São José do Calçado, no sul, e no Roberto Silvares, em São Mateus, norte do Estado. 

A posologia padrão é de um comprimido por dia, durante 14 dias, para pacientes que fazem ventilação não invasiva. Outros hospitais que tiverem necessidade do medicamento fazem o pedido para que um dos três forneça. Concluído o estoque adquirido pelo Ministério da Saúde, o governo do Estado passará a fazer a compra. 

A quinta onda de Covid-19, sublinhou Nésio Fernandes, vem num momento em que outras pressões assistenciais também ocorrem no sistema de saúde, como acidentes e outras doenças respiratórias. Nas idades pediátricas, são predominantes o VSTR, o adenovírus e o vírus da influenza. “O cenário exige atenção redobrada com os cuidados individuais e com a atualização do esquema vacinal, que é uma medida individual de alcance coletivo”, acentuou o gestor.

Óbitos x vacinas

A recomendação expressa da vacinação é amparada pelos dados, ainda preliminares, referentes a abril e maio, que apontam 92% dos óbitos tendo ocorrido com pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal atrasado. “Houve somente um óbito de idoso com quarta dose aplicado, mas que ocorreu no período limítrofe de 14 dias após o recebimento do segundo reforço ou D4”, afirmou. “Temos evidências no Espírito Santo que o segundo reforço reduz radicalmente o risco de internações e óbitos”, ressaltou, lembrando que a D4 também é indicada para pessoas com 50 anos ou mais e trabalhadores da saúde.

Os dados preliminares dos dois últimos meses também mostram que os idosos corresponderam a 71% das mortes. “Vinte e nove por cento eram pessoas com menos de 60 anos! É uma taxa significativamente alta e um indício de que elas também devem tomar seu segundo reforço”, orientou Reblin.

A testagem também precisa ser ampliada, recomendou o subsecretário. “Devido a outras síndromes respiratórias comuns nesse período, muitas pessoas não fazem teste. O número de casos [de Covid-19] deve ser ainda maior do que o registrado”, advertiu. O teste continua sendo uma medida fundamental para controlar a pandemia. “Tem sintoma, faz o teste. Não há alternativas. A alternativa, quando tem sintoma, é fazer teste Covid”, pediu, informando que ele está disponível em todas as unidades básicas ou de referência dos municípios, além de unidades que a Sesa implantou, como o Aeroporto (disponível 24h), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes) e o Terminal de Laranjeiras.

“Não subestime sintomas leves. Podem ser parecidos com alergia e outras doenças que circulam nessa época”, reforçou Nésio Fernandes. “A testagem pode interromper a cadeia de transmissão desde que a população tenha disciplina em se testar e se isolar, em caso positivo”, pediu. 

Atraso de 1,5 milhão

A Sesa estima que 3,7 milhões de capixabas estejam aptos para receber as vacinas já incorporada ao SUS, que são duas doses em crianças, três doses em adultos e adolescentes e quatro doses em pessoas com 50 anos ou mais. “No entanto, 1,5 milhão de pessoas estão com segunda ou terceira dose em atraso”, lamentou, acrescentando que esse importante déficit aponta que “o efeito positivo da vacinação em prevenir óbitos e internações ainda não foi alcançado na sua plenitude”. 

A meta, por isso, é completar o esquema vacinal de 90% das pessoas em cada uma das faixas etárias, até final de agosto. Nesse período, Estado e municípios intensificaram as campanhas pró-vacina e realizarão mutirões a cada quinze dias. 

A recomendação da Sesa é pelo uso prioritário da AstraZeneca, vacina produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destinando as demais marcas para gestantes, crianças e adolescentes. 

A quarta dose deve ser recomendada para adultos de 18 a 49 anos ainda este ano, acrescentou o gestor. “A variante Ômicron exige que atualizemos a compreensão sobre as quantidades de doses. Ela e suas subvariantes exigem mais do que duas doses ou dose única da Janssen”, explicou. Inclusive a própria Janssen deve passar a ter o mesmo esquema vacinal da AstraZeneca, o que deve ser confirmado após conclusão de um estudo feito por setores técnicos da Secretaria. “A Ômicron tem um escape vacinal importante para apenas duas doses”, justificou. 

Máscaras

Sobre o uso de máscaras, os gestores da Sesa informaram que não há previsão de retomar o uso obrigatório em ampla escala, como em momentos anteriores da pandemia, quando a disponibilidade de vacinas era menor e não havia medicamento eficaz. Atualmente, é obrigatório somente trabalhadores da saúde e de instituições de longa permanência de idosos. 

“Mantemos a recomendação explícita do uso de máscaras em ambientes fechados e no transporte coletivo”, afirmou, declarando que o equipamento precisa, sim, ser incorporado no cotidiano de toda a população. “Em 2020 já comentávamos que a máscara poderia ser incorporada à rotina dos brasileiros em breve, principalmente em períodos de sazonalidade de doenças respiratórias, como este”, assinalou.

Também não há horizonte de retomada de restrições de atividades econômicas e sociais. “Recomendamos a testagem e o isolamento das pessoas com teste positivo”, repetiu.

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