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Estado lança edital para apoiar projetos científicos liderados por mulheres

“Uma vitória histórica”, exalta Ethel Maciel. Números mostram que concorrência com homens é desigual

Lissa de Paula/Ales

Um edital específico para apoiar projetos científicos liderados por mulheres. A conquista, histórica, foi comemorada nesta terça-feira (7) pela Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC), com a abertura do prazo para inscrição de propostas com este perfil para análise da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Até onde se sabe, o primeiro no Brasil. 

“É uma conquista histórica do movimento de mulheres na ciência”, comemora a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, integrante da RBMC. Criar cotas para mulheres em editais de pesquisa é uma das pautas do movimento, porque “a concorrência com homens é desigual”, afirma. 

“É uma carreira muito competitiva, já que você tem que brigar por pontuação nos editais, por meio de publicações e títulos. Mas os percursos de mulheres e homens são muito diferentes, principalmente porque as mulheres têm que conciliar com a maternidade e os cuidados da família. A gente já sabe, pelos estudos do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada], que as mulheres têm uma dedicação de horas muito maior do que os homens na sua residência, isso acaba impactando nessa competição por recursos na ciência”, explica. 

Nesse sentido, garantir cotas para mulheres é uma forma essencial para se alcançar uma igualdade de oportunidades na carreira acadêmica e científica, reforça Ethel. A medida já é praticada em vários países, com destaque para a Suécia e outros nórdicos, mas no Brasil, a reivindicação é antiga. 

“É uma luta que nós temos travado há muitos anos, mas que se intensificou no governo Casagrande”, relata, lembrando que, oficialmente, a RBMC foi lançada há pouco mais de um ano, apesar do trabalho efetivo de luta por políticas públicas já ser feito individual ou coletivamente pelas cientistas há muito mais tempo. 

Oito áreas de conhecimento

Na página da fundação capixaba, vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (SECTIDES), é possível acessar o Edital nº 14/2022, chamado Mulheres na Ciência, voltado para a “seleção de projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e/ou inovação, nas diferentes áreas de conhecimento e coordenados por pesquisadoras”. 

Em suas considerações sobre a importância da chamada pública, a Fapes ressalta que, apesar do aumento registrado em 2021 do número de mulheres estudantes de doutorado no Brasil, segundo o Ipea, “a luta por equidade de oportunidades de gênero e de raça é uma jornada que “ainda está sendo percorrida”. Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontam que “apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres, ou seja ainda há um número baixo de mulheres nos campos científicos”.

O público-alvo são pesquisadoras vinculadas a Instituições de Ensino Superior e/ou Pesquisa (IES/P), públicas ou privadas sem fins lucrativos, localizadas no Espírito Santo. As inscrições seguem até o dia 28 de julho, com divulgação do resultado previsto para vinte dias subsequente. A expectativa é de que, em até quatro meses, os projetos contratados – com período de execução de até doze meses – possam começar a ser implementados. 

As propostas devem ser enquadradas em uma das oito grandes áreas do conhecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): Ciências Exatas e da Terra; Ciências Biológicas; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências Humanas; Linguística, Letras e Artes. 

Os recursos financeiros disponíveis são de R$ 1,5 milhão, oriundos do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Funcitec). Estimulando a interiorização das atividades de pesquisa, 30% dos recursos serão destinados prioritariamente a projetos coordenados por pesquisadoras vinculados a IES/P localizadas fora da Grande Vitória.

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