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Grito dos Excluídos denunciará dependência política e econômica do ES

Articulações começam neste mês, apontando relações entre poder público e grandes poluidoras

Nos 200 anos da independência do Brasil, o Grito dos Excluídos vai levantar o seguinte questionamento: “(in) dependência para quem?”. No Espírito Santo, as articulações para a manifestação, que ocorre anualmente todo dia sete de setembro, irão começar no próximo dia 22, com uma plenária a ser realizada às 16h, no chamado Triplex, em frente à Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória.

A atividade é convocada pelo Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, que convida entidades da sociedade civil para a construção coletiva do Grito. O coordenador do Fórum, Giovani Lívio, afirma que é preciso refletir sobre as diversas formas de dependência registradas no Espírito Santo. Umas delas são a econômica e política em relação aos grandes empreendimentos poluidores.

“Somos dependentes de um marco industrial das décadas de 60, 70, 80”, afirma, exemplificando com a situação da cidade de Anchieta, no sul do Espírito Santo, diante do fechamento da Samarco, ocasionado pelo crime do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. “O que virou Anchieta? Uma cidade de muitos desempregados devido à falta de investimento em outros campos, como a pesca, a agricultura, o artesanato e o turismo”, enumera.
Giovani aponta ainda a dependência do poder público em relação a esses empreendimentos, uma vez que eles investem em candidaturas políticas, o que inviabiliza os gestores e legisladores, depois de eleitos, de tomar as iniciativas necessárias contra os danos causados à população. “Há um acobertamento. O pó preto da Vale, por exemplo, é um problema crônico que não é resolvido”, denuncia. A ArcelorMittal também é responsável pelas emissões, questão há décadas também marcada pelo omissão do poder público.
O coordenador do Fórum aponta ainda as diversas situações de vulnerabilidade social que existem no Brasil e no Espírito Santo. A fome é uma delas. “Atravessamos um dos piores cenários, comparado ao da década de 90. A solidariedade começa a minguar, porque o desemprego, a informalidade, a carestia, tudo isso dificulta a ajuda entre as pessoas. É muita gente precisando de ajuda e pouca gente com condição de ajudar”, destaca.
Ele cita como exemplo a Campanha Paz e Pão, da Arquidiocese de Vitória, que conta com cerca de 10 mil famílias cadastradas para receber cesta básica, mas por volta de quatro mil doadores. A população em situação de rua, diz, “vive um dos seus piores momentos”. “Principalmente em Vitória há um processo de higienização social, com retirada desses moradores das vias de bairros considerados nobres, sem políticas públicas eficazes”, reforça.
Para Giovani, a postura do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), “é o retrato da política nacional do presidente Bolsonaro”, com falta de diálogo com a sociedade. “As pessoas da ocupação Chico Prego estão acampadas há dois meses em frente à prefeitura e ele não as recebe. Independente de tantos problemas, a gente entende que a sociedade civil está atenta, lutando de forma localizada, pequena, mas buscando de fato a independência verdadeira”, acredita.

No ano passado, o lema do Grito dos Excluídos foi “Vida em Primeiro Lugar” e o tema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!”. Os manifestantes ocuparam as ruas do Centro de Vitória, com apelos por “Fora Bolsonaro”, “comida no prato e vacina no braço” e” feijão, e não fuzil”.

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