Escrito por Deane Monteiro Vieira Costa, livro será lançado na Biblioteca Municipal de Cachoeiro de Itapemirim
Personagens fictícios que conhecem uma personagem real que marcou a trajetória de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo, fazem parte do livro Tiana e a História da Incrível Professora Zilma Coelho Pinto. A obra infantojuvenil é de autoria da escritora e professora Deane Monteiro Vieira Costa e será lançada no dia 23 de junho, às 19h, na Biblioteca Municipal Major Walter dos Santos Paiva, em comemoração aos 78 anos do espaço.
No livro, a personagem fictícia Tiana conhece, junto com seus colegas de classe, a história de Zilma, narrada pela professora. Zilma, personagem real, se destacou pelo seu desejo de erradicar o analfabetismo. Em 1949, lançou uma campanha de alfabetização, para a qual angariou voluntárias que iam nas casas das pessoas alfabetizar jovens e adultos. “Depois colocavam uma placa nas residências com a frase ‘nesta casa não há analfabetos'”, relata Deane.
Na década de 50, Zilma conseguiu, em um terreno doado, criar salas não somente para alfabetização de jovens e adultos, mas também para cursos profissionalizantes, como os de artesanato e corte e costura. Em suas ações, tinha um olhar especial para a inclusão da mulher. Entretanto, embora tenha se dedicado a um trabalho social importante, ganhou a antipatia de muitos. Para parte da elite cachoeirense, ao alfabetizar as empregadas domésticas, por exemplo, Zilma tirava dos patrões as “nossas negrinhas”, que era como se referiam a elas, pois essas mulheres, alfabetizadas, tinham oportunidade de trabalhar no comércio.
A educadora também era mal vista por alguns políticos por cobrar deles investimento na educação, além de ter sido chamada de “a louca do Itapemirim”, “mendiga” e outros apelidos. Deane relata que alguns deles, como o de “mendiga”, surgiram pelo fato de encontrar coisas nas ruas e levar para casa pensando na possibilidade de recicla-las ou reutiliza-las em sala de aula, a exemplo de bancos quebrados que poderiam ser consertados.
Zilma dá nome a uma escola no bairro Ferroviários, onde implantou salas para a campanha de alfabetização. O bairro, inclusive, é conhecido popularmente como bairro da campanha. A professora também dá nome à biblioteca do campus do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) em Cachoeiro.