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Estado registrou 78 mortes em intervenções policiais nos últimos dois anos

Dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Das 78 mortes, 77 foram de ações da PM

O Espírito Santo registrou 78 mortes em decorrência de intervenções policiais em serviço somando dados dos dois últimos anos, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em 2020, foi registrada uma morte relacionada à ação da Polícia Civil (PC), no ano seguinte, nenhuma. Já nas ações da Polícia Militar (PM), os números são bem maiores. Em 2020 foram 37 óbitos, enquanto em 2021 a quantidade aumentou para 40.

As 37 mortes de 2020 em meio à ação da PM, colocam o Espírito Santo em 16º lugar no ranking daquele ano, perdendo para Bahia (1.098), São Paulo (659), Goiás (614), Pará (488), Paraná (360), Rio Grande do Norte (139), Ceará (119), Rio Grande do Sul (112), Minas Gerais (111), Pernambuco (108), Amapá (107), Amazonas (96), Maranhão (87), Santa Catarina (82) e Alagoas (74). 

Os 40 óbitos de 2021 mantêm o estado no 16º lugar, atrás da Bahia (989), Goiás (564), Pará (514), São Paulo (423), Paraná (393), Rio Grande do Norte (150), Amapá (150), Rio Grande do Sul (131), Minas Gerais (108), Ceará (102), Amazonas (95), Pernambuco (92), Maranhão (80), Santa Catarina (64) e Alagoas (43).

No que diz respeito às mortes em decorrência de intervenções da PC em serviço, o Espírito Santo está em penúltimo lugar no ranking de 2020, junto com Paraná e Rondônia, acima somente de Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul e Roraima, que não registraram nenhum óbito. A Bahia lidera o topo do ranking, com 40 mortes. Como o Espírito Santo não registrou nenhuma morte em decorrência de intervenção da Polícia Civil em serviço em 2021, nesse ano ficou em último lugar no ranking, juntamente com Distrito Federal, Amapá e Roraima. Pará e Bahia lideraram, com 21 mortes cada.

A colocação no ranking exclui estados que não disponibilizaram dados. A pesquisa também mostra números referentes às mortes em decorrência de intervenções policiais fora de serviço. Nesse quesito, a PC não registra nenhuma ocorrência desse tipo nos últimos dois anos. A PM, no entanto, registra duas mortes em 2020.

Mais casos

Em maio deste ano, movimentos sociais capixabas chegaram a participar do V Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado. No evento, representantes da Frente Estadual pelo Desencarceramento do Espírito Santo (Desencarcera ES) falaram das mortes provocadas pela polícia capixaba, como o caso recente de Welinton Dias Silva, de 24 anos, após ser baleado pela Polícia Militar (PM) na região da Grande São Pedro, em Vitória.

Outro caso destacado no evento foi o de Robson Pablo Loretti Valadares, morto em outubro de 2020, no bairro Rio Marinho, em Cariacica, por um policial militar. Na ocasião, o assassinato foi denunciado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). “O assassino do meu filho está solto e não pode mais fazer outras vítimas”, enfatiza Eliana.

O caso de Welinton Dias Silva teve grande repercussão no Estado. Vídeos mostram a aproximação do policial que, mesmo vendo o morador parado e com os braços levantados, atirou. O inquérito referente a esse assassinato apontou indícios de crime de natureza militar e transgressão da disciplina. A expectativa da família da vítima é de que os policiais envolvidos sejam punidos. “Eles têm que ser presos e perder a farda”, defende a esposa de Weliton, a manicure Carolina Milagre Nascimento.
Ela conta que, como ela trabalha durante o dia e o marido trabalhava à noite, era ele quem ficava com a criança enquanto ela não estava em casa. “A ficha do meu filho, de que o pai não voltaria mais, foi cair somente na segunda semana após a morte. Ele está fazendo tratamento com psicólogo e chegou a quebrar as coisas dentro de casa”, narra.
Para Carolina, é impossível esquecer o ocorrido. “Infelizmente, nada vai trazer meu marido de volta. Só Deus sabe do nosso sofrimento, que é eterno. Os policiais estão soltos, vivendo normalmente. Se fosse o contrário, se fosse meu marido que tivesse atirado contra os policiais, ele já estaria preso à espera da realização da audiência”, aponta.
O policial que atirou em Weliton é identificado no Boletim de Ocorrência (BO) como cabo Sandro Frigini. O outro, como soldado Victor Fagundes de Oliveira. O próximo passo será encaminhar o inquérito à Justiça e à PM, para que seja instaurado Procedimento Administrativo para julgar a conduta dos policiais envolvidos, que permanecem afastados.


‘Os policiais têm que ser presos e perder a farda’

Família pede justiça em caso de jovem morto por PMs em crime com indícios de natureza militar e transgressão da disciplina


https://www.seculodiario.com.br/seguranca/os-policiais-tem-que-ser-presos-e-perder-a-farda

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