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Documentário sobre o Contestado será lançado em Vitória nesta sexta-feira

Com o longa-metragem, o cineasta Cloves Mendes quer resgatar uma história que considera esquecida

O cineasta Cloves Mendes cresceu ouvindo sobre o Contestado, mas hoje, lamenta, pouco se fala sobre o assunto no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia, estados envolvidos na história. Por isso, ele teve a ideia de produzir o documentário Contestado, a Guerra sem Tiros, que será lançado nesta sexta-feira (1), às 19h, no Cine Metrópoles, na Universidade Federal do Estado (Ufes), com entrada gratuita. O longa-metragem também já tem uma agenda de exibição inicial nos municípios do noroeste do Espírito Santo.

Cloves, que nasceu em Mantena, Minas Gerais, é sobrinho de José Fernandes Filho, o Fernandinho, que geriu essa cidade em parte da década de 50, auge da disputa do Contestado. Por isso, o assunto era muito presente em sua família. Ele recorda que a disputa pelo território que abrange parte dos três estados durou cerca de um século, findando somente com um acordo feito em 1963, que definiu as áreas que cabiam a cada unidade federativa.

Divulgação

O cineasta destaca que, em meio à disputa de terra, Barra de São Francisco, no noroeste do Espírito Santo, ficou conhecida como sentinela capixaba, por ter sido formado ali um grupo de resistência, pois acreditava-se que soldados mineiros adentrariam o território capixaba por meio dessa cidade para chegar até o litoral. Ele recorda ainda que, em 1956, auge da disputa, em um mês foram registradas 68 mortes em Mantena e 62 em Barra de São Francisco.

Essa disputa, relata, acabou fazendo com que surgissem lideranças como Udelino Alves de Souza, que queria criar na região o Estado União de Jeová, cuja capital seria em Cotaxé, Ecoporanga. “Ele chegou a criar um hino e cidades”, diz o cineasta, que recorda ainda que foi dada trégua na disputa do Contestado para combater o Estado União de Jeová. Quando tiveram êxito, a disputa do Contestado foi retomada.

O documentário, que tem 80 minutos, demorou 12 anos para ser finalizado. “Algumas das pessoas entrevistadas até já morreram nesse período, como Setembrino Pelissari, que era deputado estadual na época do acordo que deu fim à disputa”, diz Cloves. Uma das dificuldades para a finalização foi a falta de patrocínio. Desses 12 anos, oito foram de paralisação total do processo de produção, retomado durante a pandemia, quando Cloves resolveu fazer uma vaquinha virtual e conseguiu arrecadar maior parte do dinheiro que faltava para finalizar a obra, que era pouco mais de R$ 30 mil.
O longa já foi exibido em locais públicos de Mantena, Itabirinha, São João de Manteninha, Divino e Central, cidades mineiras do Contestado. Também será exibido no Espírito Santo. Na próxima terça-feira (5), a exibição será em Barra de São Francisco, no auditório da Câmara Municipal. Nos dias 6, 7 e 8, respectivamente, em Mantenópolis, Ecoporanga e Cotaxé, em todos esses três lugares, na praça da matriz.
Na sede de Água Doce do Norte, a sessão acontecerá no dia nove de julho, mas o local ainda não foi definido. Nesse mesmo município haverá uma exibição no dia 10, na praça da matriz, no distrito de Santa Luzia do Azul. As sessões são sempre às 19h. A ideia, segundo Cloves, é que, futuramente, Contestado, a Guerra sem Tiros, chegue também às cidades do sul da Bahia. Estão previstas exibições em Belo Horizonte e Governador Valadares em setembro, mas os dias ainda não foram definidos. 

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