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Suport vai acionar a Justiça por nova dona da Codesa contratar ex-presidente

Julio Castiglioni é procurador do Estado e assumiu a Codesa com o objetivo de preparar a privatização

Pedro Dutra/Secom

O Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Suport-ES) vai contestar na Justiça a contratação do ex-presidente da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Julio Castiglioni, pela empresa vencedora da licitação de privatização, a Quadra Capital, considerada “inadmissível” pelo presidente da entidade, Marildo Capanema Lopes. Nesta quinta-feira (30), ele manteve entendimento com o departamento jurídico, para avaliar as opções legais de apontar a quebra do período de quarentena exigido pela legislação.

Marildo afirma que a privatização não trará ganhos para o Estado, que perde a Autoridade Portuária e o controle de um dos mais fortes elos de desenvolvimento econômico, que são os portos. Ele destaca que a Codesa, uma empresa lucrativa e bem organizada, demitirá funcionários concursados no prazo de um ano, provocando mais problemas sociais.

“Vejo essa contratação com bastante vergonha”, comenta o presidente do Suport-ES, e ressalta o fato de o ex-presidente ter sido o responsável pela reestruturação da empresa, o que torna a operação fora dos padrões de ética e em desobediência à legislação, que estabelece prazos e outras exigências para ex-diretores de empresas públicas. “Nosso jurídico estuda o caso e iremos adotar as medidas necessárias”, acentua.

Castiglioni é procurador do Estado e assumiu a presidência da Codesa em 2019, com o objetivo de preparar a empresa para levá-la à privatização, ocorrida em 30 de março deste ano, na primeira operação que incluiu a Autoridade Portuária realizada no país, que serve de modelo para a venda de outros terminais portuários.

Após deixar a presidência da Codesa, onde promoveu uma reorganização para que ela se tornasse atrativa para a privatização, foi “recrutado” como “consultor” da Quadra, denuncia entidades dos portuários.

O processo de privatização foi antecedido de protestos de entidades sindicais e de pequenos operadores portuários, ameaçados de perderem o mercado, gerando demissões.

Um dos principais questionamentos dos trabalhadores é justamente sobre a migração de figuras-chave do setor público para o privado, envolvendo a empresa objeto de privatização e seus novos controladores.

A Quadra, ao assumir a Autoridade Portuária, passou a ter controle sobre papéis importantes e estratégicos, como administração dos terminais públicos, a fiscalização, atividades aduaneiras, marítimas, até mesmo papel de polícia, o que significa o controle de uma importante porta de entrada, uma fronteira do país, nas mãos da iniciativa privada.


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