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Bancários promovem protesto em Vitória contra assédio na Caixa Econômica

Na esteira do escândalo que demitiu o ex-presidente da CEF, manifestantes se posicionaram em frente à agência do Centro

Sérgio Cardoso

Na véspera de mais uma rodada de negociações salariais com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), trabalhadores da Caixa Econômica Federal (CEF) realizaram nesta terça-feira (5), em Vitória, o Dia Nacional contra o Assédio nos Bancos, em protesto às denúncias sobre casos na instituição a partir do escândalo envolvendo o então presidente, Pedro Guimarães, que foi demitido do cargo. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Bancários (Sindibancários-ES).

Iniciada na agência Beira-Mar, no Centro de Vitória, onde funciona a Superintendência Regional da instituição, o protesto reuniu, além de diretores do sindicato, a deputada estadual Iriny Lopes (PT) e a vereadora de Vitória Camila Valadão (Psol), além de representantes de centrais sindicais e de movimentos sociais. Os manifestantes permaneceram em frente à agência até às 10 horas, e de lá, foram até ao Banco do Brasil e ao banco Safra, distribuindo panfletos.

A coordenadora-geral da entidade, Rita Lima, abriu o ato lembrando as denúncias de assédio sexual contra o então presidente da Caixa Pedro Guimarães, levadas ao público por funcionários do banco. “Nos solidarizamos com essas colegas, sabemos que não é fácil denunciar o assédio, que traz danos psicológicos e traumas para o resto da vida. Não podemos deixar banalizar práticas como essa”, afirmou.

Rita Lima ressaltou que o tema estará na mesa de negociação da Campanha Nacional 2022 com a Febraban, cujo tema é igualdade de oportunidades. “Os salários ainda são menores para as mulheres. Nos bancos públicos, temos oportunidade de seleção interna, mas não de outras garantias para que as mulheres se sintam seguras para concorrer a um cargo de gestão, como gerência-geral. A Caixa já foi, no passado, o banco que tinha mais mulheres em cargos de chefia, mas nunca de superintendente e gerente-geral. Hoje não é essa realidade nem sequer nas chefias”, criticou.

Sérgio Cardoso

Secretário de Imprensa e Comunicação do Sindibancários-ES, Carlos Pereira de Araújo, o Carlão, apontou que “é preciso combater o assédio, que existe nessa cultura machista e inclusive é uma das cláusulas da negociação salarial com os bancos que prossegue neste quarta-feira [6]”. Ele acrescentou que “volta e meia há denúncias”, que precisam ser esclarecidas.

Durante o protesto, houve entrega de panfleto sobre assédio moral e sexual a que são submetidos os bancários no cotidiano do trabalho, divulgação do canal de denúncias disponibilizado pelo sindicato; e alerta sobre como identificar condutas que caracterizam o crime cometido por superiores hierárquicos.

“O que aconteceu na Caixa, que nos provoca revolta, repulsa e repúdio, é o que nós enfrentamos todos os dias na Câmara de Vitória e as mulheres enfrentam todos os dias nos seus vários espaços de trabalho”, disse a vereadora de Vitória Camila Valadão (Psol), numa referência às constantes perseguições que sofre no legislativo municipal.

E continuou: “Pedro Guimarães é representante de Bolsonaro e reproduz a prática que esse desgoverno vem implementando no nosso país desde o início. É um completo desrespeito à classe trabalhadora; à vida das mulheres; e aos poucos avanços de direitos e garantias que nós tivemos neste país. Por isso, atos que escancarem as contradições, os abusos e as violências desse governo são fundamentais”.

A deputada estadual Iriny Lopes (PT) afirmou que “não poderia passar ileso um ato de tamanha barbaridade praticado pelo presidente de uma instituição”. Na avaliação da deputada, se o presidente Bolsonaro “não fosse machista e violento”, possivelmente seus subordinados não teriam essa atuação.

Ane Halama, do Fórum de Mulheres, destacou que as mulheres são tratadas “como objeto e propriedade, o que piora em espaços de poder, em instituições como a Caixa”. Já a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-ES), Clemildes Cortes, fez uma saudação às “mulheres que tiveram a coragem de denunciar o assédio sofrido”.

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