domingo, novembro 24, 2024
22.1 C
Vitória
domingo, novembro 24, 2024
domingo, novembro 24, 2024

Leia Também:

Prefeitura não encaminha médico para distrito de Santa Leopoldina

Gestão de Romero Endringer havia se comprometido a resolver o problema nessa quarta. Moradores estão revoltados

Os moradores do distrito de Chaves, em Santa Leopoldina, região serrana do Espírito Santo, se depararam com o posto de saúde sem médico novamente nessa quarta-feira (6), embora a gestão de Romero Luiz Endringer (PTB) houvesse se comprometido a enviar novamente a profissional para o equipamento. Após um ano e meio sem médico no posto, foi encaminhada uma profissional para atender semanalmente, mas ela foi somente uma única vez e não mais voltou, fazendo com que os moradores reivindicasse seu retorno. 

Quando a profissional foi enviada, foi informado as moradores que atenderia toda quarta-feira, a partir das 9h, enquanto houvesse demanda. O argumento para a retirada da médica, segundo informação dada à Associação de Moradores e de Pequenos Produtores do Distrito do Chaves (Ampac) pela secretária municipal de Saúde, Sigrid Stuhr, foi de que os casos de Covid-19 aumentaram, demandando mais testes e profissionais no centro da cidade.

Esse mesmo argumento, apontou o presidente da Associação, Chrystian Pittol, foi utilizado pela gestora quando questionada do porquê do não retorno da médica, conforme compromisso firmado com os moradores. O primeiro-secretário da entidade, Carlos David Toffano, o Carioca, lamenta o fato de que, assim como quando a médica parou de atender, a comunidade não ter sido informada das motivações, sabendo somente do porquê ao indagar a secretária.
A Associação não descarta manifestações e denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) caso o problema não seja resolvido. Outra reivindicação deles é que a médica atenda pelo menos duas vezes por semana, para que não haja superlotação em alguns momentos. Ela foi encaminhada ao posto após a entidade se reunir, em 3 de junho, com a secretária. A gestora argumentou, na ocasião, que os baixos salários fazem com que profissionais da saúde não queiram trabalhar no interior de Santa Leopoldina.
O valor, como a secretária informou para a Associação, varia entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil para médicos, muito abaixo da média para a profissão no Estado, que ultrapassa R$ 5 mil, considerando a menor carga horária, de 20h semanais. Os moradores chegaram a sugerir o aumento dos salários para atrair profissionais, mas a secretária falou que a prefeitura não tinha como fazer isso, sem ao menos esclarecer o motivo.
Até o final de 2018, os moradores eram atendidos por profissionais cubanos, do Programa Mais Médicos. Com a retirada do governo cubano do programa, após declarações que considerou depreciativas feitas pelo então deputado federal Jair Bolsonaro (PL), atual presidente da República, o distrito passou a ser atendido por um clínico geral.
“Caso necessário, o clínico geral encaminhava a pessoa para um especialista na sede de Santa Leopoldina ou em Vitória”, relata Carioca. Essa situação dificultou, porém, o acesso da população aos profissionais. Isso aconteceu ainda na gestão passada, do então prefeito Valdemar Luiz Horbelt Coutinho (PSB), o Vavá.
A partir do início de 2021, já no mandato de Romero Luiz Endringer, os moradores passaram a não contar nem com o clínico geral, além de terem que conviver com a ausência de dentista desde que um novo posto de saúde foi instalado em uma escola desativada, já que o antigo estava com problemas de infraestrutura. Após a inauguração, os profissionais não retornaram.
O novo posto, segundo Carioca, funciona somente para atividades como aplicação de vacina e aferição de pressão arterial. Para consultas e exames, seja com médicos ou dentista, os moradores passaram a ficar mais dependentes do deslocamento até a sede de Santa Leopoldina. Em casos de complexidade maior, para Vitória.
Ele relata que não somente a falta de profissionais no distrito impossibilita os moradores de ter acesso à saúde, mas também de transporte público no distrito. Para ir até a sede, é preciso pagar um táxi, sendo que muitas pessoas não têm condições financeiras para isso, ou contar com carona, o que nem sempre é possível.
Há ainda o problemas de não contarem com motoristas de aplicativo, uma vez que não costumam ir até o distrito e há dificuldade para chamá-los, pois o acesso à internet é restrito. Ônibus, tanto para a sede quanto para a Capital, passa somente duas vezes por dia. Trata-se da viação Lírio dos Vales, que sai da rodoviária de Vitória rumo a Santa Teresa, passando por Santa Leopoldina. Além disso, Carioca ressalta que a passagem é cara, impossibilitando muitos moradores de usufruir do transporte.

Mais Lidas