Grupo de tupinikins se juntou a cerca de 40 etnias na luta pelo Território Cunhanbebe Pindorama, em Mangaratiba
Cinco indígenas Tupinikim de Aracruz estão acampados junto a integrantes de diversas outras etnias do Brasil numa retomada de um território ancestral iniciada pelo povo Tupinambá no Parque Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba, litoral do Rio de Janeiro. Eles lançaram uma campanha de arrecadação para apoiar a estadia com a compra de água potável e alimentos para eles e outros participantes do acampamento.
A retomada vem sendo coordenada pela União Nacional Indígena (UNI) e teve início em 12 de maio deste ano. Os Tupinikim compareceram no início da ação com doze pessoas das aldeias de Caieiras Velha, Irajá e Comboios e retomaram a participação há três semanas, com a presença de cinco representantes
No dia 12 de julho, porém, houve uma reintegração de posse do local para a Prefeitura Municipal de Mangaratiba e os ocupantes tiveram que se retirar da área e se mantêm desde então acampados na beira de uma estrada às margens do parque. Esperam que decisão do Superior Tribunal Federal (STF) possa reverter a reintegração de posse, já que o ministro Luís Roberto Barroso prorrogou até 31 de outubro de 2022 a decisão de suspender despejos e ocupações por conta da pandemia de Covid-19.
O Parque Estadual do Rio de Janeiro leva o nome de um grande liderança tupinambá do início do período colonial. Cunhambebe foi um dos líderes da Confederação dos Tamoios, revolta indígena que durou entre 1554 e 1567. Embora Tibiriçá, líder tupinikim da região na época, tenha sido aliado dos portugueses, contra Cunhambebe e os Tamoios, que tiveram apoiados pelos franceses, desta vez, e nesse momento histórico, tupinikins e tupinambás, juntos a outras 36 etnias estão unidos na tentativa de retomada de um território ancestral, hoje sob controle da prefeitura e em sua maior parte pela empresa Brascan.
A proposta dos povos originários, que apontam problemas na atual gestão do parque, como construções ilegais, escoamento de esgoto para o rio e caça ilegal, é de que o local seja uma região sob co-gestão das diversas etnias. “Nós resistimos desde o momento em que nascemos. Adotamos ao longo dos séculos diferentes estratégias de sobrevivência. Um dia nós lutamos com arco e flecha. Hoje, nós lutamos com canetas. Exigindo nossos direitos a partir dos meios legais, por valorizarmos a paz e a harmonia entre os povos”, disse em nota o movimento.
“A experiência é muito interessante”, disse Renato Tupinkim, que coordena a delegação capixaba. Ele foi um dos representantes que agora esstá em São Paulo para reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para conversar sobre o tema. A situação, relata, não é fácil. À beira da estrada, com chuvas intensas nos últimos dias, o acampamento vêm resistindo enquanto sofre pressões e ameaças por um lado e diversos apoios por outro. Atualmente, ele estima que estejam presentes cerca de 120 indígenas.
As ajudas podem ser enviadas por um site ou pelo Pix (27996331246) e Picpay (renato.silva.filho1). Mais informações e a cobertura sobre o que acontece na retomada Cunhambebe Pindorama estão disponíveis aqui.