Projeto será feito no Forte de São Francisco Xavier, que está em processo de tombamento em Vila Velha
O Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo divulgou um manifesto “pela proteção do Forte de São Francisco Xavier”, em Vila Velha, em que aponta preocupação com o projeto “Casa Cor 2022 – Vista do Forte”. A entidade afirma que a iniciativa propõe uma intervenção que “na análise técnica dos arquitetos deste instituto, causará danos ao patrimônio cultural”.
Conforme consta nas redes sociais do evento, as arquitetas Natiele Dalbó e Patrícia Palhano irão assinar um ambiente na Casa Cor Espírito Santo. “O grande diferencial do ambiente premiado em relação aos demais da mostra é que o projeto não será desmontado, ele ficará como instalação permanente no Forte São Francisco Xavier, mesmo depois de terminada a mostra”, afirma.
A Casa Cor Espírito será realizada de 21 de setembro a 20 de novembro, no 38° Batalhão de Infantaria, localizado na Prainha. No local serão construídos cerca de 40 ambientes projetados por arquitetos. O projeto, segundo informações do site do evento, “compreende uma área extensa do 38º BI, que envolve diversos imóveis, entre eles o Forte São Francisco Xavier da Barra”.
O Instituto também aponta que no pátio do forte há uma “estrutura proposta que se sobrepõe visualmente sobre a edificação, concorrendo com ela, seccionando-a, mudando a sua escala”.
Alguns dos riscos da intervenção, denuncia o manifesto, são perda do material construtivo; alteração da tipologia arquitetônica com modificações de vãos, cômodos etc; perda de vestígios arqueológicos relevantes que demonstrem a evolução da construção ao longo dos séculos; comprometimento da estrutura, como fundação, muralhas e paredes); e risco de morte aos usuários, uma vez que, segundo o Instituto, o projeto não foi analisado pelo Corpo de Bombeiros e, assim, “não temos garantias que aquela estrutura é segura para os futuros usuários do forte”.
Além de não ter sido analisado pelo Corpo de Bombeiros, o Instituto de Arquitetos enfatiza que se desconhece que tenha sido feita análise do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) “no que tange à interferência na visibilidade e na ambiência do bem tombado, Outeiro e Convento de Nossa Senhora da Penha”. A entidade também afirma desconhecer “a apresentação da referida proposta ao Conselho de Patrimônio da Prefeitura Municipal de Vila Velha e seu parecer – caso tenha sido apresentado”.
É destacado ainda que não há “um projeto que siga as orientações do Icofort/Icomos para o bem militar”. O Instituto defende que, para que a edificação seja preservada “para esta e para as futuras gerações”, é preciso a contratação de uma equipe multidisciplinar com capacitação comprovada para desenvolver o projeto de intervenção do forte, de acordo com os preceitos do Icofort Icomos; apresentação do registro de responsabilidade técnica do projeto; apresentação dos órgãos competentes, para análise, parecer e aprovação – se assim couber, incluindo o Iphan, Prefeitura de Vila Velha, Corpo de Bombeiros; e debate com a sociedade, notadamente, com os moradores do Sítio Histórico da Prainha, em audiência pública.