sábado, novembro 23, 2024
21 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

‘Comunidades periféricas não são ouvidas sobre segurança pública’

Vereadora Camila Valadão, candidata à Assembleia, defende outro modelo de tomadas de decisões

Suellen Suzano

A vereadora de Vitória Camila Valadão (Psol), candidata à Assembleia Legislativa, defende uma drástica mudança nas políticas públicas da área de segurança, especialmente em bairros periféricos, por entender que é preciso mais inteligência na tomada de decisões antes de ações militarizadas, com o emprego de armamento. Para ela, é imprescindível que as comunidades sejam ouvidas e participem de todo o processo.

Esse sentido de coletivo permeia o programa que está construindo, no qual são inseridas sugestões da população, cujo nome “Nada sem nós”, remete a um movimento iniciado por pessoas com deficiência (PCD).

“Esse nome, trazendo ele por completo, é do movimento das pessoas com deficiência. Eles reivindicam o protagonismo para discutir sobre as políticas, os programas, as ações que falam sobre essa população. A gente pegou um pouco essa ideia e resumiu em ‘nada sem nós’, para fazer essa mesma conotação, ou seja, que não vamos aceitar mais que falem em nosso nome, que discutam em nosso nome, que aprovem projetos, medidas e orçamentos, e façam políticas sem a nossa participação efetiva, o nosso protagonismo”.

A conotação da frase considera hoje os espaços de poder – executivo e parlamento -, que são onde as políticas para a sociedade são escolhidas e as mulheres e a população negra ocupam uma minoria.

“Nossa ideia é exatamente reivindicar nosso espaço, nosso lugar, e dizer que não aceita mais. O slogan é meio um basta, sabe, assim: basta! Não queremos mais que as coisas permaneçam do jeito que estão. Traz essa dupla conotação, a de reivindicar nosso protagonismo, e a de dizer que nós não aceitamos mais estarmos excluídos desses espaços”.

Camila acentua que a exclusão não se dá somente com relação às mulheres, mas atinge as populações periféricas: “A gente vê nos morros um extermínio”, ressalta, e aponta a necessidade de mudança, “porque pessoas que representam essas comunidades periféricas, são alvo prioritários de uma política de segurança violenta, e vivem sob constante ameaça de grupos armados”. Ela destaca o tráfico, mas joga luz também sobre a atuação do Estado, através da polícia. “Essas comunidades não são ouvidas na construção das políticas de segurança pública”, critica.

A candidata questiona em como pensar uma lógica de segurança que acabe com a violência nesses territórios, sem ter essa interação com as comunidades. “Parece-me que se a gente não tem isso e, assim, essa política vai ser fracassada. E é muito fracassada mesmo!”, enfatiza.

Camila acrescenta que, “lamentavelmente, as atuações das polícias nessas comunidades merecem crítica, e não ao policial, o trabalhador, mas à lógica da política. Portanto, nessas operações, é preciso mais inteligência e entender melhor como se organizam, como funcionam essas organizações criminosas. É preciso uma lógica de polícia que entenda mais de inteligência do que essa lógica do varejo”, analisa.

Nesse contexto, Camila alerta: “É a polícia que mais mata e a que mais morre, olha que contradição!
 E isso expõe as comunidades, as pessoas que vivem na lógica do terror, já que estão sob o domínio do tráfico e de grupos armados, que precisam ser estudados, porque hoje o tráfico não é como de décadas atrás”.

A vereadora lembra que se refere “à lógica de uma organização criminosa completamente diferente, que precisa de uma atuação inteligente, de pesquisa, tecnologia, e não o que a gente vem acompanhando e que provoca, lamentavelmente, mortes de civis e de militares”.

Para ela, a campanha deste ano se desenvolve em um contexto difícil, com muita polarização, em clima de violência – “não sofri nenhuma”, afirma- , e lamenta ocorrências em outros estados. Ela lembra a nacionalização das eleições e cita pessoas que perguntam, nas caminhadas que realiza, em qual candidato irá votar. 

Essa é a segunda vez que Camila Valadão concorre a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Em 2018, ela obteve 16,8 mil votos, mas não foi eleita, em decorrência da legenda. Para a Câmara de Vitória, em 2020, ela alcançou 5,6 mil votos, sendo a segunda mais votada.

O Psol fechou federação com a Rede Sustentabilidade, do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, mas atua de forma independente nas eleições majoritárias. No campo nacional, faz parte da aliança em torno do palanque do ex-presidente Lula (PT).

Mais Lidas