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‘Precisamos de uma brigada civil de combate a incêndios florestais’

Moradores do entorno do Parque Paulo Cesar Vinha, atingido por incêndio, também pedem mais fiscalização 

Marcelo Nascimento/Iema

Mais fiscalização, manutenção dos aceiros preventivos, educação ambiental e criação de uma brigada civil de combate a incêndios florestais são alguns pedidos feitos por moradores e membros do conselho gestor do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, diante do incêndio de grandes proporções que, desde a manhã de quinta-feira (22), atinge a unidade de conservação, localizada em Setiba, Guarapari, sul da Grande Vitória. 

“Temos tentado criar uma brigada civil de combate a incêndios. Já tivemos um curso do Corpo de Bombeiros para incêndios florestais e algumas pessoas foram formadas. Mas precisamos dedicar mais esforços para criar uma brigada, que dê apoio ao Corpo de Bombeiros”, avalia o arquiteto Cesar Ivan Pinheiro, da ONG Gaia Religare, membro do conselho gestor do Parque. 

“Tem muita área de turfa dentro do parque e é um terreno que exige muito cuidado, é muito mais perigoso em relação a fogo. Também é preciso dar manutenção constante nos aceiros”, ressalta. 

Aliado à brigada, também um trabalho mais efetivo de educação ambiental é necessário. “Precisa de mais educação ambiental para evitar que as pessoas joguem lixo dentro do parque ou próximo, e mesmo que continuem com as práticas de pequenas queimadas dentro dos quintais, que podem gerar incêndios dessa proporção dentro do parque”. 

Entre os moradores vizinhos do Parque, conta, a percepção é de que o incêndio foi provocado por vários focos dispersos. “Inclusive fora do parque”, acrescenta.

Marcelo Nascimento/Iema

Prevenção

Os aceiros são faixas sem vegetação criadas em meio aos blocos de vegetação nativa para isolar os fragmentos, de forma a interromper o alastramento do fogo em situações de incêndio. Fundamentais na prevenção a tragédias como a que ocorre nesse momento, como também enfatiza o depoimento de outro conselheiro representante da sociedade civil local, Capitão Lucio Lopes, presidente da Associação de Moradores de Setiba Ville. 

“Se houvesse mais responsabilidade dos gestores ambientais, o incêndio não teria essas proporções. Se fossem feitos os aceiros nos locais certos, mais fiscalização, enfim, se houvesse atuação de fato”, aponta.

“Houve um erro muito grave, tem que se buscar os responsáveis. O primeiro errado é o indivíduo que provocou o incêndio e depois o poder público, que não tomou as providências. As cinzas foram parar quase no centro de Guarapari”, indigna-se. 

Para o presidente da entidade comunitária, se não houver pressão sobre os órgãos competentes, a resposta nunca será encontrada e a sensação de impunidade pode estimular a repetição do possível crime. “Nunca se acha culpado, o dano fica sempre com o meio ambiente. Falta atuação”, reforça. 

A formação de uma brigada de apoio ao Corpo de Bombeiros também é evidenciada. “As pessoas do entorno que têm consciência já participam de forma empírica”, acentua, ressaltando que, havendo uma formação por parte dos Bombeiros e o apoio do poder público, a população poderia ajudar ainda mais.

Marcelo Nascimento/Iema

Nesse segundo dia de combate às chamas, ainda não há uma posição oficial sobre a origem e responsáveis pelo incêndio, segundo informa o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que administra a unidade de conservação. 

O trabalho é realizado conjuntamente por equipes do Corpo de Bombeiros, do Parque e do Programa Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevines), com apoio do helicóptero do Notaer. 

O foco, neste momento, é na contenção de alguns pontos de incêndio na região norte do parque e a proteção das áreas de limite.

O Iema ressalta que o parque segue fechado para visitação e alerta aos motoristas que passarem na Rodovia do Sol quanto à fumaça e à possibilidade de animais atravessando a pista, fugindo do fogo.

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