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É preciso corrigir o enunciado

Uma revisão minuciosa cabe a Casagrande. Termos do teorema do 1º turno já estão postos
Disse, na última crônica, que os ventos que vinham do sul do Estado anunciavam que o governador Renato Casagrande (PSB) voava em céu de brigadeiro rumo à reeleição. Trabalhando junto aos prefeitos, com distribuição de verbas e realização de obras, tinha como mais certa ainda a sua vitória. Cachoeiro, por exemplo, é um município que vem recebendo todo o seu apoio. Mas o candidato Manato (PL) lhe impôs uma fragorosa derrota (57,3% a 37,5% dos votos). Tal realidade lhe impõe uma profunda autocrítica, embora continue favorito.

A votação de Bolsonaro (PL) mudou o quadro nos últimos dias? Sim. Uma certa neutralidade em relação a Lula (PT) produziu qual efeito? Faltou empenho dos prefeitos? O Espírito Santo é um estado conversador que embarcou na onda direitista do bolsonarismo?

São muitas variantes. O que se verifica – e esse dado não é irrelevante – é que muitos eleitores de classe média votaram, ao mesmo tempo, em Bolsonaro (PL) e Renato (PSB). Tanto que a diferença entre os candidatos, no Estado, foi de 8,46%, em favor do governador.

Já em Cachoeiro, com prefeito do PSB, Manato registrou, curiosamente, uma supremacia de 19,73%. Claro que não é só isso. Há que se observar que os candidatos rigorosamente bolsonaristas e com formação de extrema direita, como é o caso do vereador Júnior Correa, o Juninho (PL), obteve 21,7 %, para deputado federal. O vereador Alan Ferreira (Podemos), candidato do prefeito Victor Coelho (PSB), foi o mais votado em Cachoeiro, com 11,9%. São variantes que demandam análise cuidadosa exatamente porque não é unidimensional.

Pois bem. Veja. A grande surpresa foi a eleição, em Cachoeiro, do médico Bruno Rezende (União) para a Assembleia Legislativa, obtendo 11,9% dos votos, superando o deputado Theodorico Ferraço (PP), com 11,7%. Ele entrou na política achando que Ferração era o seu maior obstáculo. Não foi. O declínio de Ferraço em Cachoeiro é elucidado como sendo a sua pugna, acudindo outros candidatos a deputado estadual, em busca da reeleição de sua mulher, deputada Norma Ayub (12%). Tema para ser elucidado no contexto geral, já que Ferraço tinha a certeza de sua eleição.

O médico Bruno Rezende, embora seja filho de ex-prefeito de Mimoso do Sul, José Carlos Rezende, esquadrinhou seus votos – 31,8 mil – com a bandeira da construção do hospital do Câncer em Cachoeiro. É cara nova na Assembleia vindo do sul e ainda não se sabe se apoiará Renato ou Manato. E qual a sua tendência ideológica, arriscando, no mínimo, no centro. Esses dados mais numéricos evidenciam uma pauta para os candidatos.

O resultado da eleição, evidentemente, vai definir situações, exatamente porque, pelo menos em Cachoeiro, todos eleitos são candidatos a prefeito municipal em 2024. Até mesmo Ferraço, que diz não, mas se puder, emplaca a deputada Norma como sua candidata.

Não se sabe, a grosso modo, se o discurso sobre a manutenção da democracia – muito importante – vai sensibilizar os eleitores do governador ou se ele vai optar em mostrar, mais enfaticamente, as obras realizadas, já que Manato (PL) embarca, paradoxalmente, na velha e antiga balada: “que a sua administração realizou está errado, e que o governador é o grande inimigo do presidente e parceiro do “corrupto” Lula”.

Discurso medíocre e insignificante, que ele considera produtivo. Dirá isso, aliás, ao lado do demasiado Magno Malta (PL), que ficou rezando todos esses quatro anos no seu sítio no Frade (região de Cachoeiro), organizando forças para enfrentar os ministros do STF, como bandeira de eleição.

Uma revisão minuciosa cabe ao governador Casagrande para desenvolver seu enunciado. O conjunto dos termos do teorema do primeiro turno já estão postos. Com uma vantagem: ele já sabe o que Manato (PL) vai fazer: seguir o caminho imposto pelo seu candidato a presidente. Nunca se esquecendo, aliás, que a política ama a traição e odeia o traidor.

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