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Morre uma estrela

Melhor que uma Arca de Noé espacial

Vento frio e céu nublado, um dia como outro qualquer, pois nem sempre o sol brilha para todos. Estamos tão acostumados com as mudanças climáticas que não nos preocupamos com a possibilidade de tais caprichos da natureza deixarem de existir. Uma certeza absoluta: o sol nasce todos os dias, chova ou dê praia. Um consolo infalível: por pior que seja a noite, o sol nasce outra vez. Isso é tão certo quanto a morte para todos nós, menos para o sol, esse deus generoso sem o qual não existiríamos.
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Esse era o dogma dos nossos distantes antepassados: um fim de mundo próximo assistido por um sol eterno e indiferente. Hoje sabemos que o brilho das estrelas é pura energia, viajando pelo espaço e chegando até nós sob a forma de luz. Lindo de se ver, mas que não dura para sempre – as estrelas nascem e morrem, como qualquer vil mortal. E como o sol é uma estrela, seus dias também estão contados. E nem tem muita grandeza. Mas não se desespere, que Hollywood tem soluções para tudo.
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Quando o Equador estiver tão frio quanto o Polo Sul e os oceanos virarem lagoas, os cientistas já terão encontrado um planeta em outro sistema solar girando no espaço com as mesmas condições de vida do planeta Terra: petróleo em abundância, oxigênio limpo, sombra e água fresca. Árvores carregadas de frutas, animais dóceis e gordos. Mas só os jovens saudáveis serão transportados para tais paragens… afinal, devem estar preparados para os difíceis embates dos primeiros anos, até chegarem à era da felicidade total, com celulares e cirurgias a lazer. Melhor que uma Arca de Noé espacial. Os idosos serão gentilmente eliminados, sem dor e lágrimas desnecessárias.
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Muitos são os filmes produzidos continuamente na fábrica de sonhos, embora poucos cheguem ao tapete vermelho. Quando o clima na Terra ficar mais quente que os decotes das estrelas, os cientistas terão descoberto uma energia capaz de mover nosso planeta para fora do agonizante sistema solar, longe da Via Láctea, suavemente, até alcançarmos outro campo magnético e nos atarmos a uma estrela jovem e generosa. Uma que nos brinde com uma eterna primavera o ano inteiro.
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E já que temos a força, vamos recolhendo na viagem algumas luas e todos os anéis de Saturno, para tornar nossa paisagem celeste mais bonita. Sonho de uma cientista maluca? Absolutamente. Essa mudança é possível e poderá ocorrer daqui a uns cinco bilhões de anos… se os terráqueos já não tiverem se autodestruído em guerras e atos de intolerância, ignorância, ganância, e outras ânsias. Para tudo começar de novo. Nasce uma estrela… quem viver me dará razão.

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