Uma reunião prévia para debater e consolidar estratégias para o desenvolvimento da região metropolitana da Grande Vitória foi realizada nesta terça-feira (28), em Vila Velha. Na pauta, a análise de cenário a partir das oportunidades e ameaças e as formas de aumentar a integração desses municípios. O objetivo, segundo a ONG ES em Ação, é compilar e consolidar as informações captadas, através de grupos técnicos, para definir as estratégias para o desenvolvimento de toda a GV.
O evento foi organizado pela Espírito Santo em Ação, organização não-governamental criada no governo Paulo Hartung para dar um verniz social às ações do governo. Formada basicamente por empresários, a ES em Ação deixou claro no debate que sua preocupação é com o desenvolvimento econômico a qualquer custo. Tanto que temas como saúde, educação, segurança e meio ambiente não fizeram parte dos eixos propostos pela ong.
A própria reunião em si, reclamam as entidades sociais que se sentiram “meio penetras” no evento, foi muito mal divulgada – tanto que apenas 30 pessoas participaram do debate. O Fórum Popular em Defesa de Vila Velha, conhecido por discutir amplamente o Plano Diretor Urbano (PDM) da cidade, foi uma das entidades presentes à discussão. Renilda Alves, do fórum, alertou que muitas oportunidades apontadas pelos empresários como chances de desenvolvimento para a GV, também podem ser vistas como ameaças, já que os mesmos projetos também são responsáveis pela forte pressão sob áreas naturais e de patrimônio cultural, como é o caso de Jacarenema e Barra do Jucu, respectivamente.
No contramão da militante, os empresários defenderam a implantação do porto de águas profundas, empreendimentos previstos para a retroárea do empreendimento, a construção de um polo tecnológico e o fomento de atividades bases da região como commodities, construção civil, comércio e turismo.
De acordo com o representante da ONG ES em Ação, Orlando Caliman, a intenção é avançar a partir das estratégicas do plano ES 20/25 através do desenvolvimento econômico. Para isso, todas as cidades da GV estão sendo ouvidas.
“O desenvolvimento econômico é de uma forma ou outra o anseio da população já que é através dele que é possível melhorar a economia da região e fomentar o crescimento da população”, ressaltou Caliman. Para o representante do Movimento Vida Nova Vila Velha (Movive), entretanto, o debate sobre o tema estava sem foco. Para ele, os projetos de inclusão social devem preceder o debate sobre novas áreas industriais na região.
O baixo nível de integração das políticas públicas dos municípios da Grande Vitória; a má aplicação do dinheiro público; o atraso na educação; a judicialização do Plano Diretor Municipal (PDU); a especulação imobiliária; e o difícil acesso a saúde, foram pontos de consenso entre empresários e sociedade civil para o desenvolvimento sustentável de Vila Velha, se bem que a partir de pontos de vistas bem distintos.
Diante das ameaças, as entidades sociais sugeriram a criação de um Plano Regional Integrado de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Vitória; a construção do Plano Diretor Municipal e Viário; a criação de uma legislação específica para a área portuária; maior investimento em educação e o cofinanciamento do Estado para a saúde municipal.
O evento contou com o apoio do Instituto Jones Santos Neves (IJSN) através do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (Comdevit).
Vila Velha foi o penúltimo município da GV a se reunir com a ong ES em Ação para discutir soluções para a região metropolitana. A próxima reunião será realizada no dia 4 de junho, em Vitória. Já a reunião que discutirá a situação de todos os municípios da GV, ainda não tem data definida.