Pastor Arnaldo Candeias tomou a decisão com outros dirigentes da entidade evangélica, a maior do Estado
Depois de transferir o apoio ao então candidato ao governo Erick Musso (Republicanos), derrotado depois como postulante ao Senado, a Convenção das Assembleias de Deus do Espírito Santo (Cadeeso) decidiu nesta semana se aliar à campanha de reeleição do governador Renato Casagrande (PSB).
Dirigentes da entidade, a maior do Estado entre as igrejas evangélicas, já haviam se reunido com o governador, mas voltaram atrás por conta de pressões de grupos políticos ligados ao senador eleito, Magno Malta (PL), que apoia o candidato bolsonarista Carlos Manato (PL).
Em reunião do presidente Arnaldo Candeias com outros sete membros da Cadeeso, a entidade destacou a atuação de Casagrande. “Na nossa visão, é o mais bem preparado para continuar o bom trabalho que vem sendo feito”, declarou o pastor.
A Cadeeso reúne 380 igrejas e 800 congregações, com cerca de cinco mil pastores, e, tradicionalmente, é muito cobiçada por lideranças políticas, principalmente no contexto atual, quando questões religiosas, ligadas a usos e costumes, passaram a dominar o debate político por meio de estratégias da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de se declarar católico, ele usa congregações e eventos evangélicos para angariar votos.
Umas das mais fortes bases de sustentação do bolsonarismo, entidades evangélicas como a Cadeeso intensificam as articulações visando formar alianças para manter espaços e garantir a agenda conservadora. Em março deste ano, encontro com pastores com Casagrande, no Palácio Anchieta, gerou um clima de insatisfação.
A direção da entidade apressou-se a divulgar que não se tratava de apoio político. O temor era associar a Cadeeso a movimentos de esquerda, pelo fato de Casagrande integrar o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ser chamado de forma pejorativa de “comunista”, tratamento dado pela maioria dos bolsonaristas a qualquer opositor.
“Eu agradeço a confiança de vocês na minha história e nos resultados do meu governo. O apoio da igreja mostra que estamos votando em projetos e pessoas responsáveis para o nosso Estado. Já vivemos momentos difíceis, foi difícil construir tudo que construímos até aqui, e não podemos deixar o Espírito Santo retroceder”, afirmou Casagrande nesta semana ao grupo de pastores, em reunião que marcou a oficialização do apoio.