Primeira-dama e senadora eleita (DF) disseminam a chamada “guerra espiritual” nas igrejas neopentecostais e tradicionais
A mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Michele, e a ex-ministra e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves (PL), chegam a Vitória nesta sexta-feira (21), para reforçar a campanha do candidato ao governo do Estado, Carlos Manato (PL), adversário do governador Renato Casagrande (PSB).
As duas são fortes cabos eleitorais do bolsonarismo, atuantes no meio evangélico, por meio da chamada “guerra espiritual”, posicionamento questionado por pastores e outros integrantes do clero, por falta de embasamento bíblico. A assessoria de Manato ainda não tem a programação a ser cumprida no Estado.
Damares está envolvida em polêmica e em pedido de investigação policial, por ter revelado crimes e abusos praticados contra crianças e que teriam sido descobertos em sua gestão no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ela disse que crianças entre 3 e 4 anos eram traficadas para outros países a partir da Ilha de Marajó, no Pará, e que tinham seus dentes arrancados para que praticassem sexo oral nos abusadores. Questionada, a ex-ministra não conseguiu dar uma resposta esclarecedora.
Essa “guerra espiritual” disseminada por Michele em igrejas neopentecostais e também em algumas congregações tradicionais, recebe apoio de ONGs de missões protestantes e segue a linha da luta do “bem contra o mal”, sendo o mal, sempre, qualquer adversário. Essa concepção, de acordo com estudiosos da Bíblia, distorce a mensagem do evangelho de Jesus Cristo, focada na verdade e contrária à enxurrada de mentiras, cujo volume construído pelo bolsonarismo faz parte de processos judiciais para apuração de fake news.
Michele e Damares participam e estimulam reuniões onde o discurso principal, proferido em tom profético e em clima pretensamente espiritual, é que o fechamento de igrejas e a liberação do aborto e das drogas são apresentadas como pare do programa do PT, bem como a ameaça do “comunismo” e a destruição das famílias.
Manato, que adotou essa linha em sua campanha, percorre igrejas evangélicas, onde recebe orações e participa de cultos, na mesma perspectiva da última “Marcha par Jesus”, que trouxe a Vitória, no mês de julho, o presidente Jair Bolsonaro e Michele, entre outros religiosos. O mesmo discurso foi usado pelo presidente Jair Bolsonaro no debate da Band, nesse domingo (16), com o ex-presidente Lula.
A manifestação provocou polêmica por exibir uma réplica gigante de uma arma, esculpida por um apoiador do presidente. Um motociclista desfilou com um caixão pintado com as cores e bandeira do PT. Seguindo a linha de Michele, Bolsonaro sugeriu que o país está sob ameaça do “comunismo”. “Dobro meus joelhos, elevo meus pensamentos ao senhor e peço que o povo brasileiro não experimente as dores do comunismo”, disse.