“Ressaca” bolsonarista tem “mergulho”, silêncio, alardes de Magno Malta e reunião em Vila Velha
Assim como o presidente Jair Bolsonaro (PL), que desde o resultado das eleições desse domingo (30) se mantém recluso e em silêncio, o candidato derrotado ao governo, Carlos Manato (PL), passou por um “mergulho”. As redes sociais ficaram paradas até a tarde desta segunda-feira (31), e, ao contrário do primeiro turno, não houve posicionamento oficial logo após o resultado, apenas entrevistas isoladas à imprensa, em que chega até a anunciar “aposentadoria política”. Ele reagiu, porém, para agradecer seus eleitores, não sem dizer que o governador reeleito, Renato Casagrande (PSB), “tinha a máquina e apoio de 73 prefeitos”. O clima entre aliados não tem sido diferente. A bancada bolsonarista da Assembleia Legislativa, que vinha extremamente barulhenta nas últimas semanas, na sessão desta segunda-feira (31), praticamente não apareceu. Capitão Assumção (PL), Torino Marques (PTB), Danilo Bahiense (PL), Carlos Von (DC) e o integrante mais recente do grupo, Dr. Hércules (Patri), ficaram entre não se manifestar ou adotar tom ameno, mesmo ao comentar o pleito. O deputado federal Evair de Melo (PP), um dos vice-líderes do governo federal na Câmara, só publicou uma foto de uma roda de oração, em que está ao lado de Bolsonaro. Os alardes, como não poderia deixar de ser, vieram do senador eleito, Magno Malta (PL). Ele gravou vídeo às 23h desse domingo, que entre tantas bandeiras do bolsonarismo, muitas inclusive sem qualquer embasamento, insinuou “problemas nas urnas” e “pessoas votando no lugar de outras”. Em certa hora, lançou mais suspeitas: “se é que votaram em Lula” e “muita coisa estranha em tudo isso”. Em outro vídeo, já na manhã desta segunda, Magno intensifica a ofensiva e alega que teve gente “sofrendo ameaças e perseguições a madrugada inteira”, naquelas estratégias de criminalizar o eleitorado adversário e desacreditar a Justiça Eleitoral. Tudo isso citando Deus, “cidadãos de bem”, “família”, ameaça comunista, ideologia de gênero, aborto e aquele extenso enredo, já conhecido e contraditório. Para fechar a “ressaca eleitoral”, uma reunião de apoiadores foi convocada para a noite desta segunda, no município que virou “point” bolsonarista, Vila Velha. O local também foi escolhido a dedo: em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, na Prainha. A derrota, como se vê, está amarga!
Na toca
A iniciativa de Magno segue em sentido contrário às conversas no campo nacional. As informações são de que ministros e aliados tentam convencer Bolsonaro a reconhecer o resultado do pleito e agradecer os votos, o que já teria sinalização positiva dele. A previsão é que o discurso ocorra nesta terça (1), situação nunca antes registrada no País.
Na toca II
Também mergulhada, permanecia toda a família. Mas nesta segunda-feira, resolveram se manifestar publicamente a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ela, com uma passagem bíblica, ele com agradecimento à alta votação do pai, sem questionar o resultado das urnas.
Balde de água fria
Magno Malta também admite, em um dos discursos, que seu grupo político esperava vitória de Bolsonaro de “forma folgada e retumbante”. Não foi dessa vez! O presidente recebeu 49,10% dos votos e Lula (PT), o eleito, 50,90%.
Aumentou
No Espírito Santo, o placar confirmou o perfil conservador e de direita do eleitorado, e o resultado foi em sentido contrário: 58,04% para Bolsonaro e 41,96% para Lula. Diferença mais acentuada que no primeiro turno, quando ficou 52,2% contra 40,4%. Nesta segunda, em vários bairros predominantemente bolsonaristas de Vitória, o clima foi o mesmo: silêncio total.
‘Casanaro’
Já Manato, que tinha a expectativa de virar os votos apostando nesse campo eleitoral do presidente, atingiu 46,20%, distante do teto de Bolsonaro no Estado. O governador Renato Casagrande (PSB) acabou colhendo os frutos da estratégia que vendeu o voto casado nele e no presidente do PL, apesar da contradição, e levou a reeleição, com a marca de 53,80%.
Dupla derrota
Agora, finalizadas as eleições, a constatação: os ex-prefeitos Guerino Zanon (PSD), de Linhares, e Audifax Barcelos (ex-Rede), da Serra, perderam duas vezes este ano. No primeiro turno, como candidatos ao governo e também como cabos eleitorais e apoiadores de Manato.
Tripla derrota
Outro em situação semelhante é o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos). Tentou engatar um palanque ao governo do Estado, não encontrou capilaridade eleitoral. Disputou o Senado, chegou em terceiro lugar. Depois resolveu abraçar a candidatura de Manato, e também ficou a ver navios.
Destinos
As perguntas da vez: onde serão abrigadas essas três lideranças, até um próximo projeto eleitoral? A conferir!
Nas redes
“Parabéns ao presidente Lula [PT] e ao vice-presidente, Geraldo Alckmin [PSB]. Vamos trabalhar juntos para fortalecer a parceria entre o ES e o Brasil, para entregarmos resultados ao povo capixaba e a todos os brasileiros”. Renato Casagrande, PSB, governador reeleito do Estado.
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