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Extrema direita amplia agressões no Estado e ameaça professores do Ifes

Professores do Campus de Venda Nova se sentem ameaçados desde a realização de um evento relacionado à LGBTQIAP+

Professores do Instituto Federal de Educação (Ifes), do campus de Venda Nova do Imigrante, região serrana do Estado, passaram a ser alvo de agressões de grupos de extrema direita apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). As ameaças ocorrem em redes sociais, com o uso de termos usados na onda de desinformação, como a “ameaça comunista” e “facção criminosa”, como são tratadas as pessoas contrárias ao atual governo.

Os professores registraram um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, no qual apontam Ivo Modolo, Katia Altoe e Joelsio Mieis, com comentários e postagens nas redes sociais – WhatsApp, Instagram e Facebook – denunciados por injúria, difamação e ofensas. O grupo se junta a outros de extrema direita nos movimentos golpistas financiados por empresários alinhados ao atual presidente, que não aceitam a derrota e se valem de plataformas de desinformação para manipular parte da população.

Os denunciados usam termos propagados no período eleitoral e que permanecem mesmo depois de anunciado o resultado das urnas, após a proclamação da vitória do ex-presidente Lula (PT). Nas postagens, se destacam as hashtags #Comunismo #PTFACCAOCRIMINOSA, #liberdade #foracomunismo, #LULACHEFEDAFACCAOCRIMINOSA, PATRIAAMADABRASILBR e #vamosvenceressabatalha.

São frases de cunho nazifascista usadas em redes de seguidores de Bolsonaro e inspiradas nos ditadores Benito Mussolini, na Itália, e Adolf Hitler, na Alemanha, e também no brasileiro Plínio Salgado, nas décadas de 20 e 30 do século passado. 

O professor Willian Ribeiro aponta abuso do poder econômico e crime previsto na Constituição, referindo-se à lista de “segregação empresarial” e à mobilização ocorrida no último sábado (5), sem qualquer comunicação à Polícia Militar, o que é ilegal, por contestar sem nenhuma prova o resultado das urnas. 

“Eles passaram na via principal, que leva ao hospital, buzinaram de carreta, estouraram rojões, e ninguém faz nada”, lamenta, e aponta a necessidade de uma ação mais enérgica do Estado. “Apesar de Venda Nova ser uma cidade 87,9% de bolsonaristas, eles não podem fazer o que bem entendem e nem a polícia mais tem comando sobre os atos públicos no municípios”, diz o professor.

“Se não adotamos uma posição junto às autoridades, isso tende a aumentar”, afirma a advogada Graciandre Pereira Pinto, ela própria uma das atingidas pelo movimento, com o nome em uma lista, juntamente com mais cinco advogados, motivando uma queixa-crime. Segundo ela, mais de 20 pessoas já foram ouvidas pelo Ministério Público.

A advogada explica que o movimento dos grupos de extrema direita contra os professores do Ifes ocorre desde junho deste ano, quando foi realizado um evento para debater a pauta LGBTQIAP+. “O Ifes já foi atacado pelo deputado federal Evair de Melo [PP] com dois vídeos tenebrosos, o Rafael Monteiro, que é um dos líderes da extrema direita, psicólogo do Fórum, também fez vídeo atacando. Isso vem dando voz para as pessoas que não conhecem a instituição se sentirem no direito de agredir moralmente e, daqui a pouco, a gente ser agredido nas ruas”.

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