Luciana Andrade, do MPES, se reuniu com Alexandre de Moraes e apontou atuação de um “coletivo de criminosos”
“Criminosos” é a classificação dada pelos procuradores-gerais do Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo aos financiadores e à organização dos bloqueios nas rodovias do País e em outras ações golpistas visando contestar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Nesta terça- (8), eles se reuniram com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, segundo noticiaram a Folha de S.Paulo e O Globo, como forma de apurar esses atos, por determinação do TSE.
A procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade, afirmou que também tem sido identificado um movimento, por parte de empresários, de boicote a outras empresas e serviços. A iniciativa foi classificada por ela como “Lista de Schindler” e as ações consideradas como resultado de um “coletivo de criminosos”.
“É algo que cria embaraço à livre iniciativa do comércio e que não víamos há anos, mas o modo de proceder é bem análogo e simultâneo aos bloqueios”, disse a procuradora à imprensa nacional.
A reunião ocorre um dia depois de o ministro Alexandre de Moraes estabelecer o prazo de 48 horas para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apresente relatório detalhado com todas as multas aplicadas contra pessoas que realizaram bloqueios nas estradas.
“Intime-se, com urgência e inclusive por meios eletrônicos, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal para que apresente, no prazo de 48 horas, o relatório circunstanciado de todas as multas aplicadas em cumprimento à decisão proferida nos presentes autos, com a identificação dos veículos e pessoas autuadas. Brasília, 3 de novembro de 2022”, disse o ministro.
No plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), foi aprovadda medida do ministro de desbloqueio das rodovias, que passaram a ser ocupadas por caminhoneiros seguidores de Jair Bolsonaro (PL), após a vitória de Lula nas eleições.
Estratégias
O TSE e os estados apuram a baderna que tomou conta do país desde o último dia 30. O encontro com Alexandre de Moraes nesta terça-feira ocorreu visando realizar a troca de informações com a finalidade de saber quem está por trás da organização dos bloqueios, e mapear o fluxo financeiro que permite as ações criminosas, com ampla participação de grupos de extrema direita apoiadores de Bolsonaro.
O procurador-geral de São Paulo, Mário Sarrubo, disse ao jornal O Globo, que a “preocupação agora é o fluxo financeiro que está proporcionando bloqueios de estradas, avenidas, e faz com que pessoas possam permanecer em nossas cidades”.
E acrescentou: “Na nossa visão, há uma grande organização criminosa, com funções definidas, tem várias mensagens com números de PIX para que as pessoas possam abastecer financeiramente, e nós temos que definir quem está alimentando. Tudo isso está sendo objeto de investigação para derrubarmos essa organização criminosa”.
No Espírito Santo, as rodovias estão desbloqueadas desde o último dia 3, mas os atos golpistas continuam em frente ao quartel do Exército, na Prainha, em Vila Velha, e em manifestações públicas como a que ocorreu em Venda Nova do Imigrante, na região serrana do Estado.