Apesar de a comunidade não querer o fechamento do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Luiz Carlos Grecco, na Ilha de Santa Maria, em Vitória, e inclusive reivindicar a ampliação de seus serviços, a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) está decidida a encerrar as atividades da unidade de ensino de forma gradual. Isso foi deixado claro em uma reunião entre a secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, e os moradores, realizada nessa terça-feira (8).
A prefeitura manteve a postura de garantir que os atuais alunos prossigam na escola em 2023, mas sem que a unidade de ensino receba novas matrículas. Assim, à medida que os estudantes avançaram para o ensino fundamental, turmas serão fechadas, até que não haja mais nenhum aluno na escola, encerrando suas atividades depois de cerca de 40 anos de funcionamento.
Uma das reivindicações da comunidade é de que o CMEI passe a oferecer turmas em horário integral e também o berçário, que contempla crianças entre seis meses e um ano, já que atende somente alunos entre dois e seis anos. O argumento da secretária para não atender as reivindicações de permanência do CMEI e de ampliação de seus serviços, segundo a ajudante de cozinha Rosana Ferreira dos Santos, que tem filhos matriculados na escola, é de que o espaço físico não comporta e que não há demanda.
Entretanto, segundo Rosana, a comunidade apresentou alternativas, todas descartadas pela gestora. Uma delas foi a compra de um imóvel ao lado, que chegou a ser cogitada na gestão do então prefeito Luciano Rezende (Cidadania), mas que não foi possível, pois a proprietária desistiu da venda após a gestão municipal rebaixar o valor. Quanto à redução no número de matrículas, isso acontece por causa das próprias decisões da administração municipal. “Como os pais vão matricular as crianças se o que a gente precisa é do integral e eles não oferecem mais?”, questiona Rosana.
As opções de CMEI dada aos moradores que querem matricular seus filhos em 2023 são na Ilha de Monte Belo, Jucutuquara e Avenida Vitória. Como o Luiz Carlos Grecco atende aos moradores da parte alta da Ilha de Santa Maria, eles teriam que subir e descer morro ao levar e buscar as crianças na escola, algumas vezes, com elas no colo. Entretanto, de acordo com Rosana, muitas famílias dependem de pessoas idosas, como as avós, para essa tarefa, que passa a ser mais difícil devido à necessidade de esforço físico.
Outro problema é o investimento que as famílias terão que fazer em transporte escolar diante da possibilidade de que não haja pessoas que possam levar nem buscar as crianças. Além das turmas em horário integral, os moradores querem que sejam ofertadas possibilidades de estudo nos turnos matutino e vespertino, pois a gestão de Pazolini quer ofertar somente na parte da tarde a partir do ano que vem.
Na sessão dessa segunda-feira (8), a vereadora Camila Valadão (Psol) informou que encaminhou um requerimento de informação para a prefeitura. Ela fez um apelo para que sejam construídas alternativas de mobilização com a comunidade para que o equipamento se mantenha aberto. Depois destacou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e legislações municipais preveem a necessidade de oferta de vagas em locais próximos às residências dos alunos.
“Que ao invés de fechar CMEIs, possamos abrir CMEIs, que ao invés de fechar equipamento público que atende de forma satisfatória a comunidade, a gente possa construir estratégias de diálogo para ampliar número de vagas”, defendeu.