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Vice-prefeita expõe razões do conflito com Pazolini em evento na Gruta da Onça

Capitã Estéfane disse que tinha que assinar dispensa de licitação da contratação do Carnaval, o que ela não fez

Um dia depois de perder para o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) a disputa pelo microfone em uma solenidade em Jardim Camburi, a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Patri), finalmente conseguiu falar ao público. Na inauguração do parque Gruta da Onça, Centro de Vitória, nesta quinta-feira (10), ela discursou sob o olhares atentos do prefeito, do vereador Davi Esmael (PSD), presidente da Câmara Municipal, entre outros aliados, e um pequeno grupo, com crianças.

Capitã Estéfane expôs razões da situação conflitante com o prefeito, que se arrasta desde o início da gestão, e tem relação ainda com o preenchimento de cargos, além de afetar o bloco de seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado do qual ela e Pazolini fazem parte, em baixa antes mesmo do final do pleito. Ela confiava que, com o afastamento e mudança de partido, do Republicanos para o Patriota, poderia reforçar sua candidatura à Câmara Federal, o que não ocorreu: obteve pouco mais de 10 mil votos. 

Em sua fala, a vice-prefeita citou um “pacote de bondades”, que a levou a ocupar a Secretaria de Cultura, temporariamente, e outros desentendimentos. “Em fevereiro de 2021, fui nomeada secretária de Cultura, cargo que preferi não assumir, porque junto como ‘pacote de bondades’, veio a exoneração de meu assessor, com o argumento discriminatório, ilegal, e eu tinha que assinar a dispensa de licitação da contratação do Carnaval, recomendada pela lei e contra a indicação técnica de servidores da secretaria, o que eu não fiz”, relatou.

Ela voltou a exigir respeito – “que eu mereço, a cidade merece” -, pediu desculpas por ter que usar o espaço para “dizer essas coisas”, e enfatizou: “Só peço aos vereadores e às pessoas que acompanham esse processo, que não tentem me colocar como a errada (…)”, passando em seguida a se dirigir às crianças que estavam presentes ao ato.

O episódio dessa quarta-feira denunciado por Estéfane, cujo vídeo viralizou nas redes sociais, se soma a outro recente, na segunda (7), durante a entrega de viaturas da Guarda Municipal, na Praça Costa Pereira, no Centro, quando também não teve direito a discursar. No mercado político, a situação passou a ficar mais evidente nos últimos meses, quando ela deixou o Republicanos e declarou apoio, no segundo turno, ao governador Renato Casagrande (PSB), adversário de Carlos Manato (PL), o candidato do grupo político do prefeito.

Como pano de fundo desse conflito, que passa por disputa por fatias de poder vias cargos comissionados, destaca-se ainda a crise no grupo do prefeito Pazolini, que, segundo o mercado político, mergulha numa fase de isolamento, cujo conflito com a vice-prefeita, mesmo sem liderança política, contribui para afastar aliados. A menos de dois anos das disputas municipais, a situação já é apontada como um complicador no caminho à reeleição.

Ao mesmo tempo, crescem os movimentos de outros atores políticos da Capital, entre eles o deputado eleito João Coser e a filha, vereador Karla, do time do PT, em busca de maior protagonismo eleitoral no Espírito Santo, visando fortalecer o campo da esquerda.

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