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Vinte venezuelanos da etnia Warao pretendem ir embora para Belo Horizonte

Grupo está na Rodoviária de Vitória com seus pertences e alega que o abrigo temporário é muito apertado

Um grupo de 20 venezuelanos da etnia Warao se encontram na Rodoviária de Vitória desde a manhã desta sexta-feira (11), de onde pretendem embarcar para Belo Horizonte, Minas Gerais. Eles alegam que a Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, onde permanecem desde que chegaram, em agosto, está muito “apertada”. O local serve de abrigo para 51 famílias Warao.

Brunela Vincenzi

A coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, relata que foi até a rodoviária e foi informada pelos próprios venezuelanos de que uma mulher do grupo tem familiares na capital mineira e disponibilizaria uma casa para eles. Os Warao também afirmaram que tinham dinheiro para a passagem, mas não sabiam que ela havia subido de preço. Por isso, a Prefeitura de Vitória complementaria o valor.

Segundo Brunela, um técnico da gestão de Lorenzo Pazolini (Repubicanos) foi até a rodoviária e, quando questionado sobre a questão da passagem, afirmou, porém, que a prefeitura não irá adquirir. Antes disso, a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello havia feito a mesma pergunta no grupo de WhatsApp formado por pessoas do poder público e da sociedade civil para discutir a situação dos Warao em Vitória, mas não obteve resposta, sendo informada de que a gestão municipal estava ciente de que um grupo estava na rodoviária e encaminhou assistência, como alimentação.

Vinte e cinco pessoas da etnia Warao foram deixadas na Rodoviária de Vitória, em agosto, trazidas por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Inicialmente, foram levadas para o Centro Pop, mas depois, encaminhadas para a Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, onde permanecem. Entretanto, Brunela afirma que o espaço não comporta adequadamente o grupo, que hoje é composto por 51 famílias, pois outro grupo chegou depois, também vindo de Teixeira de Freitas.
A solução encontrada até o momento foi abrigá-los na extinta Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Maria Ericina Santos, no bairro Santa Clara, em Vitória, informação que, como afirma Brunela, o grupo que se encontra na Rodoviária afirma desconhecer. Além disso, os moradores se queixam de que em nenhum momento a comunidade foi procurada para dialogar sobre a questão e não sabem até que ponto a iniciativa pode afetar o acesso deles ao espaço e fazer com que não haja avanço em reivindicações antigas que dizem respeito à utilização do imóvel.
Mandato Deputado Sérgio Majeski

O Movimento Comunitário do Bairro Santa Clara encaminhou, no início de setembro, um ofício para a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), o prefeito Lorenzo Pazolini, a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH), o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Espírito Santo (Procon-ES). Este último, devido ao fato de que o imóvel foi cedido ao Procon, que guarda móveis no prédio. No entanto, até hoje, não obteve retorno.

Desde 2021, os moradores utilizam a quadra da extinta escola aos finais de semana. Conforme consta no ofício, já foram apresentadas à gestão de Renato Casagrande (PSB) reivindicações que buscam a ampliação do acesso da comunidade ao espaço, uma vez que ela entende que se trata de “um espaço educativo, esportivo e cultural, pois sua essência de criação foi ser uma escola”. Assim, os moradores requerem a reforma da quadra e a reativação da unidade de ensino, possibilitando para a comunidade a oferta de cursos, atividades esportivas e culturais.

Quanto à reforma, de acordo com o documento, foi sinalizado para os moradores, pelo gabinete da secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, que isso seria possível por meio de parceria público-privada. Os moradores também argumentam no ofício que o prédio não foi preparado arquitetonicamente para ser utilizado como moradia. Outra preocupação é o fato de que, futuramente, pode haver aumento na circulação de veículos na região.
Uma comissão, com representantes da sociedade civil e do poder público, afirma que irá dialogar com as lideranças da comunidade. A representante do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, a assistente social Ana Petronetto, relata que uma das ações já feitas nesse sentido foi um diálogo com o pároco da Catedral Metropolitana de Vitória, Renato Criste, uma vez que a comunidade Santa Clara faz parte da paróquia. A ideia, aprovada pelo sacerdote, é de que seja feita uma conversa com lideranças católicas para que elas possam atuar na região de forma a intervir positivamente na acolhida aos venezuelanos.

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