Grupo com 21 pessoas tomou a decisão por vontade própria, pois achava abrigo disponibilizado pela prefeitura pequeno
Um grupo de 21 venezuelanos da etnia Warao partiu para Belo Horizonte, Minas Gerais. Eles estavam abrigados provisoriamente na Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, com cerca de mais 20 venezuelanos da mesma etnia, que permanecem no local. O grupo que foi para a capital mineira tomou a decisão por vontade própria, pois achava o abrigo provisório pequeno para a quantidade de moradores.
A Prefeitura de Vitória informou que o grupo alegou que um de seus membros tem um irmão em Belo Horizonte que poderia recebê-los. “Assim que tomou ciência do fato, uma equipe da Semas [Secretaria Municipal de Assistência Social] fez contato com o ACNUR [Agência da ONU para refugiados], que orientou que, diante do desejo deles, a administração municipal não podia impedir que seguissem”, afirmou a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) ao Século Diário.
Ainda de acordo com a prefeitura, a Semas fez contato com a secretaria de Belo Horizonte e adotou os protocolos previstos no Sistema Único de Assistência Social (Suas). “Após acionada, uma equipe da assistência social de Belo Horizonte esteve na rodoviária para o acolhimento”, diz, apontando ainda que, “como o grupo não conseguiu embarcar na noite do dia 11/11, os 21 venezuelanos foram acolhidos, provisoriamente, no Centro-Pop em uma sala com espaço privativo até o embarque para Belo Horizonte”. As passagens foram custeadas pela administração municipal.
A coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, buscou informações com ONGs que trabalham com refugiados sobre os venezuelanos e soube que eles foram divididos em alguns grupos em abrigos e casas.
O Movimento Comunitário do Bairro Santa Clara encaminhou, no início de setembro, um ofício para a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), o prefeito Lorenzo Pazolini, a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH), o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Espírito Santo (Procon-ES) – o imóvel foi cedido ao Procon, que guarda móveis no prédio. No entanto, até hoje, não obteve retorno.
Desde 2021, os moradores utilizam a quadra da extinta escola aos finais de semana. Conforme consta no ofício, já foram apresentadas à gestão de Renato Casagrande (PSB) reivindicações que buscam a ampliação do acesso da comunidade ao espaço, uma vez que ela entende que se trata de “um espaço educativo, esportivo e cultural, pois sua essência de criação foi ser uma escola”. Assim, os moradores requerem a reforma da quadra e a reativação da unidade de ensino, possibilitando para a comunidade a oferta de cursos, atividades esportivas e culturais.