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‘Não demonstrou arrependimento’, relata PC sobre atirador apreendido

Adolescente utilizou armas do pai policial e uma suástica nazista na roupa do crime, que era planejado há dois anos

O autor dos atentados a duas escolas de Aracruz, no norte do Estado, um adolescente de 16 anos, não demonstrou arrependimento ao ser apreendido pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, após efetuar disparos contra duas escolas do bairro Coqueiral na manhã desta sexta-feira (25), que resultaram na morte de três pessoas e ferimento de outras 13, quatro delas internadas em estado grave em hospitais da Grande Vitória

“Parece que ele estava em estado de choque mas tranquilo, não conseguimos ver arrependimento”, informou, em coletiva de imprensa nesta tarde, o delegado João Francisco Filho, superintendente da Polícia Regional Norte. 

O delegado conta que a apreensão, realizada em uma das residências da família no município, teve muita colaboração dos pais e do próprio autor dos atentados. “Os pais dele colaboraram muito. Eles estavam destruídos. Foi uma conversa muito tranquila [com o menor], muito colaborativa, ele falou de todos os fatos com riqueza de detalhes, mostrou a roupa utilizada, os objetos, facas, tudo”. 

Em seu relato, o jovem contou que planejava o crime há dois anos. “Ele planejou há dois anos e no dia de hoje escolheu para praticar o ato. Pegou o carro do pais, tapou a placa e veio até a escola, praticou o ato, voltou com o carro para lá”.

As duas armas de fogo utilizadas eram do pai, que é policial militar: uma pistola semiautomática ponto 40, de uso oficial da PMES, e um revólver calibre 38 de propriedade particular do pai. 

Além da integração entre a PCES, PMES e PRF, o delegado conta que foi importante o cerco eletrônico. “As equipes foram a campo de forma integrada. A partir do cerco eletrônico, identificamos o veículo. A partir do veículo, identificamos o proprietário, fomos até o local, cercamos a casa, contamos com o apoio presente do Judiciário, que nos permitiu a entrada”, descreveu.

‘Estrutura regular de segurança’

Sobre o planejamento da ação, o governador Renato Casagrande (PSB) ressaltou o fato de que a escola estadual atacada, a EEEFM Primo Bitti, possui “toda a estrutura regular de segurança”, incluindo portão eletrônico e vigilante. 

“Houve um planejamento de ataque, houve um arrombamento desta escola, houve o uso de armas, de duas armas. Aqui uma pistola, e um revólver na escola ao lado. Ele rompeu o cadeado do portão de trás, que fica a vinte metros da sala dos professores, então foi o primeiro lugar em que ele atirou. Ele estava querendo atingir pessoas, não tinha alvo específico”. 

O menor estudava na escola estadual até junho, quando foi transferido, com anuência da família, conforme consta na ficha do estudante, o que indica que não houve expulsão, explicou o secretário de Educação, Vitor de Angelo. 

A ficha também não informava qualquer ocorrência relacionada a conflitos graves ou mesmo problemas mentais, complementou. O rapaz, no entanto, fazia tratamento psiquiátrico, como pôde ser apurado pelas autoridades policiais até o momento. 

Nazismo e cultura da violência

Também chamou atenção o uso de uma suástica nazista na roupa utilizada para a execução do crime. “Ele carregava, na sua roupa camuflada, o símbolo da suástica. Alguns jovens infelizmente têm interação com grupos violentos e até grupos nazistas do mundo todo. A polícia vai fazer essa investigação”, disse Casagrande. 

Hélio Filho/Governo ES

Casagrande falou sobre a “cultura de violência” que está presente na sociedade, citando episódios trágicos recentes no país, incluindo um anterior ao de Aracruz ocorrido no Estado este ano, que foi a invasão de uma escola de Vitória também por um estudante.

“É um problema de saúde mental que a sociedade hoje enfrenta. Nós vivemos numa sociedade que ampliou muito os problemas mentais, temos que ficar muito atento a isso. Olha a angústia dos pais desse jovem, que assassinou três pessoas a atingiu mais dez pessoas. Veja a destruição dessa família!”. 

O momento, ressaltou, “exige muito comprometimento de todos nós, quem está na vida pública, naturalmente, mas também da sociedade como um todo”.

O governador falou ainda da importância de todos observarem possíveis sinais de transtornos que demandem tratamento e atenção. 

“É fundamental, numa sociedade tão complexa como a nossa, com tantos fatores externos que influenciam a nossa personalidade, é fundamental que todos nós fiquemos atentos ao comportamento das pessoas. Primeiramente a família, mas é fundamental que as escolas continuem atentas e reforcem a atenção com relação ao comportamento dos alunos. Aquilo que está rabiscado no banheiro de uma escola, são sinais que exigem de nós uma atenção especial. A vontade que dá é de chorar, a gente ver uma escola sendo violentada, agredida, como a gente viu aqui hoje. Por mais que você coloque grades e muros, mas escola não é para isso, é para educar, formar pessoas, conviver, viver com quem pensa diferente”.

Hélio Filho/Governo ES

 Luto

Os atentados foram executados contra a EEEFM Primo Bitti e o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), ambas no bairro Coqueiral de Aracruz. Em função da tragédia, o governador decretou luto oficial de três dias no Estado. Várias personalidades manifestaram sua solidariedade às vítimas, como o presidente eleito Lula (PT), o senador Fabiano Contarato (PT) e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Erick Musso (Republicanos), que foi aluno da escola particular atingida. 

Também em solidariedade aos afetados pela tragédia, os Jogos dos Povos Indígenas, agendado para este final de semana, foram adiados. Uma das professoras atingidas é uma indígena Tupinikim, moradora da Aldeia Caieiras Velha. Crianças indígenas também estudavam na escola estadual, mas não foram atingidas.


Seis vítimas dos ataques em Aracruz estão internadas em hospitais estaduais

Duas crianças estão em estado gravíssimo, uma delas intubada, com perfuração no crânio. Ao todo, Samu atendeu a 16 vítimas, três delas fatais


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Autor dos ataques a duas escolas em Aracruz é preso

Crime cometidos no Centro Educacional Praia de Coqueiral e na escola estadual Primo Bitti deixaram três pessoas mortas e pelo menos nove feridos


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