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Sociedade civil cria fórum para combater o nazifascismo no Estado

Galdene ressalta que iniciativa quer combater ideias nazifascistas e o discurso de ódio, que motivaram ataques em Aracruz

Organizações da sociedade civil e pessoas independentes criaram um fórum com o objetivo de combater o nazifascismo no Espírito Santo. A ideia surgiu após os ataques cometidos por um adolescente de 16 anos em duas escolas de Aracruz, norte do Estado, em 25 de novembro. Entretanto, não se trata de uma iniciativa que tem foco especificamente nesse crime, mas sim contra as ideias nazifascistas e o discurso de ódio que o motivaram.

Os ataques foram feitos primeiramente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, onde o atirador havia estudado até junho deste ano. Após arrombar o cadeado, ele invadiu a escola e acessou a sala dos professores. Em seguida, foi para uma escola particular, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), onde efetuou mais disparos. Até o momento, houve quatro vítimas fatais.

A articulação do fórum foi discutida em reunião realizada na última quarta-feira (30), na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH), Galdene dos Santos, afirma que o fórum irá discutir frentes de atuação com demandas a serem encaminhadas ao poder público, como segurança e cuidado com a comunidade escolar, enfrentamento ao nazifascismo nas políticas públicas, criação de uma delegacia que trate de crimes de ódio, e apuração de casos desse tipo que já aconteceram.
Um desses casos, conforme recorda Galdene, foi protagonizado pelo vereador de Vitória e deputado federal eleito Gilvan da Federal (PL). Em junho de 2021, ele ameaçou a professora Rafaella Machado, da Escola Estadual de Ensino Médio Renato Pacheco, em Jardim Camburi, Vitória. Raffaela sofreu perseguição por parte de pais de alunos e de Gilvan por usar conteúdo que aborda a questão LGBTQIA+ em sala de aula.
Gilvan chegou até a escola buscando intimidar a profissional da educação. Em áudios do político extremista divulgados na ocasião, ele prometia voltar ao colégio, o que estimulou mobilização em apoio à professora e contra as propostas educacionais do vereador e seu grupo político.

De acordo com Galdene, cerca de 40 instituições, entre movimentos sociais, coletivos e mandatos parlamentares, fazem parte do fórum recém-criado, que está aberto a mais adesões.

Ligação com o nazifascismo
Após os ataques, circulou nas redes sociais uma postagem do Instagram do tenente na qual ele mostrou a capa do livro Minha Luta, de Adolph Hitler, em que o ditador nazista da Alemanha expõe suas ideias antissemitas e genocidas. O livro, ainda utilizado como referência por grupos neonazistas em todo mundo, é proibido em diversas localidades, por meio de lei municipal.
Com a repercussão, ele deletou o post. Em entrevista ao jornal Estadão, o tenente confirmou que fez a postagem. “Você quer saber de livro da biografia de Hitler. Livro péssimo. Li e odiei”, disse, sem comentar, porém, o fato de o filho ter pregado uma suástica na roupa usada no crime nem sobre como teve acesso à sua arma e ao carro da família.

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