Fusão entre Patriota e PTB joga luz no cenário estadual: entrarão em sintonia, de fato, Favatto e o bloco “bolsonarista raiz”? Até agora…
Comandado pelo deputado estadual Rafael Favatto, que está prestes a ficar sem mandato após sua derrota à Câmara Federal, o partido Patriota, embora ligado ao bolsonarismo, sempre teve uma atuação conciliadora e alinhada ao governo Renato Casagrande (PSB). Até nos momentos de críticas, específicas, o tom é ameno, e elogios também nunca faltaram. Nas eleições deste ano ao governo, Favatto primeiro anunciou apoio ao presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), depois, com o fim do palanque, até por coerência, aderiu à candidatura bolsonarista e de oposição de Carlos Manato (PL). E o PTB capixaba? É o braço no Estado do PL, de Jair Bolsonaro, e também faz uma oposição incisiva em cima de Casagrande, com acusações e ataques diretos. As duas legendas formaram neste ano o bloco em torno de Manato, que conseguiu avançar para o segundo turno, mas foi derrotado. O presidente da executiva estadual do PTB, Bruno Lourenço, foi, inclusive, o candidato a vice. Lideranças que ocupam esse mesmo espaço e com perfil semelhante, do bloco “bolsonarista raiz”, já chegaram a se filiar ao Patriota e saíram, como Capitão Assumção e Gilvan da Federal, ambos do PL. Esses capítulos vêm novamente à tona, diante dos movimentos em curso para uma fusão entre o Patriota e o PTB, formando o Mais Brasil. Os partidos não garantiram ninguém na Câmara, nem a vitória dos atuais ocupantes de cadeira na Assembleia Legislativa, mas elegeram dois novos deputados estaduais: Pablo Muribeca (Patriota) e Coronel Weliton (PTB). A bancada Mais Brasil vai assumir de vez a oposição e somar ao bloco e estilo do PL, mudando a atual configuração? E os nomes do PTB, que certamente têm planos para 2024, permanecerão na nova sigla e em consenso político e ideológico com Favatto? Veremos…
Mãos abanando
O Patriota, além da derrota de Favatto, não reelegeu o deputado estadual Dr. Hércules. Ele migrou para o partido na janela partidária, após esbarrar em várias portas fechadas. Assim como Favatto, também tem perfil mais ameno, mas depois do rompimento com o governo, vinha falando a mesma língua da oposição no plenário. Outra aposta que não vingou foi a vice-prefeita Capitã Estéfane, que também tentou uma vaga na Câmara.
Mãos abanando II
Já o PTB apostou na deputada federal Soraya Manato, sem êxito. Outro nome forte da sigla é o Tenente Assis, também derrotado à Câmara, assim como o deputado estadual Torino Marques, que teve um desempenho muito abaixo, com apenas 6,6 mil votos.
Futuro
Soraya, eleita em 2018 com campanha casada a Manato, que também disputou o governo na ocasião, desta vez conseguiu 59,9 mil votos. Já Assis, que veio de uma disputa à Prefeitura de Cariacica em 2020, 58,8 mil. A deputada, não se sabe, mas o tenente, tudo indica, deve voltar à cena em 2024.
Futuro II
Sobre Favatto, no segundo turno, ele apareceu como possível integrante do secretariado de Manato, caso fosse eleito. Vai ficar somente na medicina e liderança partidária nos próximos anos? Dr. Hércules, até que se prove o contrário, seguirá na profissão.
Cadeiras
O novo deputado do Patriota, Pablo Muribeca, é vereador da Serra e recebeu 24,5 mil votos, mil a mais que Dr. Hércules. Já o Coronel Weliton, do PTB, 12,2 mil.
Atritos
As divergências internas no Patriota renderam um processo na Justiça Eleitoral contra Gilvan da Federal. Ele mudou para o PL fora do prazo permitido, alegando justa causa, mas o partido contestou e requereu o mandato. Entre as alegações do atual vereador de Vitória, eleito deputado federal, justamente a aliança com Casagrande e anúncio de apoio à reeleição, o que acabou não se concretizando.
Atritos II
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) já formou maioria pela cassação, em sessão na última quinta-feira (1). Na prática, porém, o caso deve acabar na mesma. Já é final de ano e Gilvan pulará em breve para a Câmara. O primeiro suplente da chapa eleita em 2020, Leonardo Monjardim (Patriota), assume de todo jeito.
Atrás do prejuízo
No campo nacional, ganham cada vez mais corpo as movimentações por fusões e incorporações de partidos que saíram em apuros das eleições deste ano, sem atingir a cláusula de barreira. Uma delas, já tratada aqui, é a do Podemos com o PSC, ficando apenas Podemos, o que mexe na divisão de forças da Assembleia. A outra, entre o Solidariedade e o Pros, que não elegeram deputados no Estado – o nome também ficará Solidariedade.
Atrás do prejuízo II
Este ano, 16 partidos não atingiram a cláusula. Os cinco citados acima já decidiram por fusão ou incorporação. As mudanças ainda precisam passar pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas redes
“Hoje [terça, 7] aprovamos na Assembleia a concessão de abono de R$ 1,5 mil para servidores capixabas, R$ 7,2 mil para os da educação, além de R$ 3 mil para famílias afetadas pelas chuvas, com a reedição do Cartão Reconstrução”. Dary Pagung, líder do Governo e deputado estadual pelo PSB.
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Patriotas destoantes
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