O recém-criado Fórum Antifascista se reuniu com o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e cobrou medidas de acompanhamento psicológico das vítimas do atentado ocorrido no dia 25 de novembro em Aracruz, norte do Estado. A organização quer que essa iniciativa abarque toda a comunidade escolar, ou seja, a totalidade dos trabalhadores das escolas onde o crime aconteceu, dos estudantes e de suas famílias.
A militante do Movimento Nacional de Direitos Humanos no Espírito Santo (MNDH-ES), Galdene dos Santos, afirma que, ao solicitar a reunião, foi reivindicada a presença do governador Renato Casagrande (PSB), que não compareceu. Ela informa que, segundo o secretário, foi feito um plano de ação para acompanhamento psicológico, mas sem dar detalhes sobre como tem sido o processo de execução.
Galdene destaca que, em muitas situações como essa, é necessário o sigilo, mas acredita ser importante especificar minimamente algumas questões, a exemplo de informações sobre metodologia e como está sendo a busca pelas pessoas atingidas. A militante do MNDH-ES relata ainda que o Fórum reivindicou a suspensão imediata do ano letivo nas escolas, obtendo como resposta que faltam apenas oito dias para as aulas acabarem e que elas não estão acontecendo de forma presencial.
Entretanto, conforme afirma, trabalhadores e estudantes não têm condições emocionais de prosseguir, neste momento, com atividades relacionadas com o ambiente em que os atentados aconteceram. Disse ainda que, um dia depois do crime, empresas contratadas para prestar serviço terceirizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti colocaram os profissionais da limpeza para limpar o sangue dos colegas de trabalho mortos e feridos.
O Fórum Antifascista é composto por organizações da sociedade civil, pessoas independentes e mandatos parlamentares. Tem como objetivo combater o nazifascismo no Espírito Santo. Apesar de a ideia de sua criação ter surgido após os ataques, não se trata de uma iniciativa que tem foco especificamente nesse crime, mas sim contra as ideias nazifascistas e o discurso de ódio que o motivaram.
Os ataques foram feitos primeiramente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, onde o atirador havia estudado até junho deste ano. Após arrombar o cadeado, ele invadiu a escola e acessou a sala dos professores. Em seguida, foi para uma escola particular, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), onde efetuou mais disparos. O crime já fez quatro vítimas fatais.
Três anos
O processo em relação ao adolescente autor dos ataques foi concluído nessa quarta-feira (7) pelo juiz Felipe Leitão, da Vara da Infância e Juventude de Aracruz. Em 29 de novembro, foi realizada audiência de apresentação do menor diretamente na Unidade de Internação Provisória II (UNIP II), em Cariacica, na Grande Vitória. Nessa quarta, o magistrado realizou a audiência em continuação, com a oitiva das testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPES).
O magistrado aplicou a medida socioeducativa de internação pelo prazo de até três anos. Caberá ao Juiz da 3ª Vara da Infância e da Juventude de Vitória, com base em pareceres técnicos da equipe do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), avaliar, a cada seis meses, a internação. Foi aplicada, ainda, uma medida protetiva de acompanhamento psiquiátrico durante o período de cumprimento da medida de internação.
Após os ataques, circulou nas redes sociais uma postagem do Instagram do tenente na qual ele mostrou a capa do livro Minha Luta, de Adolph Hitler, em que o ditador nazista da Alemanha expõe suas ideias antissemitas e genocidas. O livro, ainda utilizado como referência por grupos neonazistas em todo mundo, é proibido em diversas localidades, por meio de lei municipal. Com a repercussão, ele deletou a publicação.