Moradores fazem recuperação provisória da estrada e proíbem caminhões até que prefeitura invista em obra duradoura
A ação foi finalizada no início da tarde desta quarta-feira (28), após um dia e meio de trabalhos comunitários, e permitiu o retorno do trânsito de carros pequenos, após um mês da situação de isolamento a que a comunidade foi submetida, em função das enchentes que assolam diversas partes do Estado.
“Alugamos máquinas, patrola e retroescavadeira. A Metropolitana [empresa contratada para asfaltar a estrada entre Vila do Riacho/Aracruz e Regência/Linhares] liberou duas caçambas, compramos brita e as lideranças e moradores da comunidade fizeram o trabalho. Mas é provisório, só dá para passar carro pequeno. Vamos proibir qualquer carro pesado, porque aqui passa muito caminhão e carreta carregado de eucalipto e areia”, relata o Cacique Toninho, da aldeia Comboios.
“Ficamos um mês sem trafegar qualquer veículo e sem ação nenhuma nem da Prefeitura de Aracruz [sob gestão do Doutor Coutinho, do Cidadania] nem das empresas que usam a estrada. Agora que fizemos com nossos recursos, querem colocar caminhão para rodar? Pode comprometer o que nós fizemos e até a estrutura da ponte. Estamos conversando com as empresas e pedindo que compreendam”, explica.
A obra só foi possível depois que as águas baixaram um pouco. No período intenso de chuvas, a comunidade ficou literalmente ilhada, cercada pelas enchentes dos rios Comboios e Riacho. “Foram quinze dias atravessando as pessoas com barcos, com muita dificuldade”, conta o cacique, ressaltando que, naquele momento, houve doação de um barco a motor pela Vale e de combustível pela Suzano, além de valores em espécie pela Imetame e de empresários de Linhares.
“Precisamos que as autoridades competentes do município enxerguem nossa comunidade. Ficamos um período sem condição nem de atendimento do pessoal da Saúde e aguardando uma decisão da prefeitura, uma resposta do prefeito e dos vereadores, mas não tivemos nenhuma, de nenhum deles”, concorda Jorge Luiz Barbosa, o Joca, liderança comunitária na TI Comboios.
“As autoridades do município não nos enxergam. Ficamos não só sem saúde, mas também sem transporte de mercadorias, sem poder locomover pessoas idosas, acamadas. Tivemos que pegar gente no colo para atravessar o rio. Olha o perigo que a gente corria. Tinha ponto de três metros de fundura, imagino se cai todo mundo, que tragédia que seria!”, reforça. “Agradecer primeiramente a Deus e depois às nossas autoridades da comunidade, nossas lideranças, que mostraram como dar resultado para o povo. Não é só com dinheiro, não, também com boa vontade”.