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Estado terá em 2023 governo mais à direita, com as bênçãos da esquerda

Restam os compromissos firmados por Casagrande com movimentos sociais e entidades da classe trabalhadora

Bem mais à direita e sem sinais evidentes de alteração nas políticas sociais, apesar de alguns movimentos nessa direção. Assim começa o ano de 2023 no Espírito Santo, referente à gestão pública, a partir da recondução do governador Renato Casagrande (PSB) ao cargo que ocupa há quatro anos. Desta feita, cercado por outros conhecidos atores da cena política a dar as cores do liberalismo econômico e bem distante de possibilidades para o preenchimento de lacunas em áreas essenciais.

Entre elas a redução da violência, o combate à pobreza e a defesa do meio ambiente, as mais visíveis, entre tantas outras. Isso com as bênçãos da chamada esquerda, incluindo representantes do PT, por meio da presidente da legenda, a deputada federal Jack Rocha, e o ex-prefeito de Vitória João Coser, que se elegeu deputado estadual. E também do PDT, que nesta sexta-feira (30), emplacou a Secretaria de Turismo, com Weverson Meireles.

Desde a campanha eleitoral, o distanciamento de Casagrande do PT não foi empecilho para que dirigentes do partido, candidatos a cargos eletivos, empreendessem a busca de reforço do capital político, aproveitando o raio de influência do governador. Deu certo. Jack Rocha e João Coser estão na ponta de comando do grupo petista que indicou o ex-deputado estadual José Carlos Nunes, que foi da base aliada do ex-governador Paulo Hartung, hoje empresário, para a Secretaria de Esportes, o quinhão que foi dado ao partido.

Muito pouco, segundo o comentário corrente entre militantes, ainda engasgados com o distanciamento da campanha eleitoral do governador com a do presidente eleito, Lula, apesar de seus partidos estarem coligados. A aliança PT-PSB encontrou desafios no Espírito Santo, que passavam pelas críticas do PT à gestão do governador e a rejeição de Casagrande a Lula.

“Nós fazemos críticas, construtivas, mas entendemos que essa crítica deva ser responsável, para não fazer coro com o movimento do bolsonarismo”, disse Jack Rocha em agosto de 2021, quando ainda não era candidata.

As acomodações políticas-eleitoreiras mostram que, se de um lado os movimentos do governador parecem preencher lacunas, de outro, demonstram apenas uma gestão de continuidade e, mais que isso, de uma guinada à direita, juntamente com as de boas perspectivas desenhadas em campanhas eleitorais e embaladas em pacotes habilmente construídos por programas de marketing político.

Os nomes que irão compor o secretariado, destaque para o próximo vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB), no comando da Secretaria de Desenvolvimento, além de reforçar o papel do empresariado na condução de programas estatais, afastam o protagonismo de setores ligados às reivindicações sociais.

O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) na Secretaria de Meio Ambiente, por exemplo, político cujo posicionamento na Câmara Federal foi, na maioria, contrário às reivindicações do trabalhador, sem contar suas incursões na destruição de áreas preciosas, como o entorno das jazidas de sal-gema, no norte do Estado. E ele não é o único a expor o matiz neoliberal, puxado, e com grande influência no governo, pelo vice-governador.

Restam os compromissos firmados por Casagrande com movimentos sociais, entidades da classe trabalhadora, inclusive servidores públicos, principalmente os da segurança pública, como canais que poderão resultar em um novo perfil da gestão, na esperança de que nada é impossível de acontecer.

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