Os manifestantes ocupam um espaço próximo ao muro do Convento da Penha e atacaram equipes de TV
A Prefeitura de Velha não intervirá nas manifestações nem na montagem de um novo acampamento formado por grupos bolsonaristas de extrema direita na Prainha, próximo ao quartel do 38º Batalhão de Infantaria (38º BI) e ao muro do Convento da Penha, porque elas estão “respaldadas pela Constituição Federal, desde que sejam pacíficas”.
A informação foi dada nesta sexta-feira (6) pelo prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), por meio de sua assessoria, em resposta a questionamentos feitos por Século Diário sobre a reconstrução por grupos golpistas de um novo acampamento, com barracas maiores, depois da retirada de entulho e de restos do local de concentração anterior.
No local ocorreu a prisão, em 19 de dezembro, do autointitulado pastor Fabiano Oliveira, líder do movimento “Soberanos da Pátria”, que atua em âmbito nacional, que foi levado por agentes da Polícia Federal quatro dias depois de expedido o mandado do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O cumprimento do mandado foi decorrente de estratégia dos policiais, para evitar conflito com os manifestantes, que contestavama operação.
No mesmo espaço, nesta quinta-feira (5), integrantes de grupos bolsonaristas que estavam no local ameaçaram equipes da TV Tribuna e TV Capixaba, provocando, também, transtornos s moradores e transeuntes. A ameaça de agressão motivou protestos do Sindicato dos Jornalistas no Espírito Santo, da Federação Nacional dos Jornalistas e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que avaliam acionar o Ministério Público cobrando providências, a fim de assegurar a liberdade de imprensa.
Em resposta, a prefeitura informou que enviará um relatório ao Ministério Público do Espírito santo (MPES) apontando os estragos e o valor que será gasto para recuperação do espaço no Parque da Prainha, em frente ao Quartel do 38º Batalhão de Infantaria (38º BI). No local, operários do município retiraram grande quantidade de entulho.
“Todo o parque passará por reformulação, por obras de infraestrutura que esperamos entregar até o final do ano”, respondeu o prefeito, sem informar quanto custou as operações de limpeza do acampamento e outras medidas, inclusive de segurança, para manter a cidade em ordem. “No local foi recolhido muito lixo, que foram pesados e corretamente descartados”, acrescentou.
A reconstrução do acampamento em Vila Velha e o posicionamento do prefeito Arnaldinho Borgo vai em sentido contrário a decisão do ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino. Ele entende que os manifestantes que estão na frente dos quarteis do Exército pedindo golpe militar serão enquadrados conforme a lei. Além disso, há movimentação de grupos terroristas partindo desses acampamentos em outros estados, que inclui o Espírito Santo.
A assessoria deixou sem respostas as perguntas sobre qual a solução para impedir a reconstrução do acampamento na Prainha, levando entulho e sujeira, incomodando os moradores e causando transtorno inclusive à movimentação turística, agora nas proximidades do Convento da Penha, cuja afluência de pessoas cresce no período de férias; e sobre a adoção de medidas para evitar que novas agressões aconteçam contra a imprensa, considerando que, durante o episódio já ocorrido, os agentes da guarda municipal nada fizeram para impedir a violência.
O acampamento é marcado por manifestações de pessoas fora da realidade, um mundo paralelo no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda está no poder, apesar de ele ter fugido para os Estados Unidos, onde se encontra desde o dia 29 de dezembro. De lá, segundo os meios políticos e diplomáticos, ele iria para a Itália, com o objetivo de escapar da prisão, por supostos crimes cometidos na sua gestão.