A Sesp está mobilizada para reprimir qualquer movimentação terrorista no ES, como as ocorridas em Brasília
Apesar da retomada da situação pelo governo, em Brasília e nos estados, depois do atentado terrorista do último domingo (8), com centenas de prisões e desmonte de pontos de concentração, a extrema direita insiste em tumultuar o país. Nesta quarta-feira (11), em atendimento à determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) está monitorando, por meio da inteligência, todas as movimentações relativas a possíveis manifestações no Espírito Santo.
A medida foi adotada por conta de uma “Convocação” em redes sociais para uma “Mega Manifestação pela retomada do poder”, que seria realizada na Praça do Papa, a partir das 18 horas. Haverá prisão em flagrante de qualquer pessoa que tentar bloquear ou ocupar rodovias ou vias públicas, como no acampamento em frente ao quartel do Exército, em Vila Velha.
Por meio de nota, a assessoria acrescentou que a Sesp ainda “trabalha, em conjunto com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), no sentido de interpretação das decisões oficiais que vão nortear a ação das polícias, no sentido operacional. A partir das 16h o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) será ativado para acompanhamento, em tempo real, de possíveis manifestações”.
As operações de grupos bolsonaristas contra a democracia não param. Estão apoiadas na omissão de instituições, que falharam por não terem adotado medidas preventivas antes da tentativa terrorista de derrubada do governo Lula (PT). E também em uma poderosa rede de desinformação, seguindo o modelo montado há mais de dois anos pelo ex-presidente estadunidense Donald Trump, incentivada por pregações e um articulado trabalho de convencimento em igrejas, disfarçado de evangelização.
Esse grupo forma uma das mais fortes bases para a expansão da onda fascista no Brasil e os ataques terroristas à democracia, como o ocorrido no último domingo, quando foram danificados prédios públicos e destruídos peças do patrimônio nacional. A teia bolsonarista, liderada por pastores e outros religiosos, não é de agora. Atuam no Brasil desde o século passado, como nova estratégia de colonização, e tomaram impulso na ação golpista de 2016, com a deposição da presidenta Dilma Rousseff (PT).
Não por acaso, pesquisa Atlas divulgada nesta terça-feira (10) revela que 31,2% dos evangélicos concordam com a invasão dos prédios dos três poderes da República, no maior ataque terrorista da história recente do Brasil. Junto a esse comportamento, há a complacência de setores militares, destacando-se o Exército brasileiro, e, principalmente, a lavagem cerebral protagonizada por líderes religiosos.
“Uma vergonha, não nos representa!”, diz um pastor evangélico, no anonimato, exigência justificada para preservar a segurança, ameaçada nesse cenário de ódio e violência, germinados em nome de Cristo, por meio de “profecias” engendradas em gabinetes da extrema direita mundial, direcionadas aos fiéis sem conhecimento teológico e desprovidos de uma visão correta do mundo.
Mais grave é a comprovação da participação de milhares de evangélicos em acampamentos como o de Vila Velha e na destruição dos prédios públicos. O chamado missionário Felício Quitito, de Venda Nova do Imigrante, preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, serve de exemplo a essa afirmativa.
Um movimento que envolve além de pastores, empresários e políticos, entre eles o deputado estadual reeleito Capitão Assumção (PL), que celebrou o atentado e depois apagou o vídeo nas redes sociais, e o futuro senador Magno Malta (PL), incluído na lista do Psol encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de cassação de mandato.
Em meio à repercussão do atentado terrorista, começou a circular no meio evangélico vídeo de um pastor, o bolsonarista Carlos Cardoso, endereçada aos “irmãos que estão sofrendo por uma perda injusta, como foi (sic) essas eleições. Mas o crente que conhece a Bíblia não estaria desesperado”.
O religioso diz que o Brasil era uma “barreira contra todo esse sistema do anticristo e essa barreira caiu”. Ele aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro como a base da igreja evangélica e haverá uma ampliação da adoração ao anticristo, por meio “do governo do PT”.
São mensagens com esse conteúdo que leva pessoas a delírios e a afirmar que as urnas eletrônicas das eleições de 2022 vieram da Venezuela, já com os votos do presidente Lula marcados antecipadamente e a acreditar na participação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) nos atos terroristas de Brasília, em um clima alheio à verdade dos fatos e sustentado por mentiras, alimentadas por uma grande máquina de guerra.
De outro lado, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito divulgou nota de “repúdio e horror diante dos atos de terrorismo ocorridos durante este domingo, em Brasília, por eleitores radicais do candidato derrotado à presidência Jair Messias Bolsonaro [PL]”, destacando que “qualquer leniência das forças de segurança ou do poder público devem ser investigados, esclarecidos e responsabilizados”.
E mais, diz a nota: “A depredação do patrimônio público e as cenas de violências de pessoas descontentes com a democracia e que querem fazer sua vontade através da força, não pode prevalecer. É papel das autoridades reprimir tais atos de banditismo”.