Viaduto Caramuru, no Centro de Vitória, será restaurado, mas Amacentro destaca a necessidade de manutenção constante
A assinatura da ordem de serviço para dar início às obras de restauro do Viaduto Caramuru, no Centro de Vitória, foi bem recebida pela Associação de Moradores do Centro (Amacentro), mas a entidade quer ir além. Para a Associação, é necessário fazer manutenção constante do monumento. “Serão investidos R$ 841 mil no restauro. Vai ficar bonito, mas se não tiver manutenção, novamente haverá alto custo para recuperar”, diz o presidente da Amacentro, Lino Feletti.
O líder comunitário recorda que a última restauração feita no Viaduto foi na primeira gestão do então prefeito João Coser (PT). De lá para cá, o monumento ficou abandonado. Um dos poucos investimentos feitos nele foi a instalação de refletores, a pedido da associação de moradores, pois a falta de iluminação no local fazia com que a insegurança aumentasse. Para Lino, é preciso fazer manutenção semestralmente ou anualmente. “Não precisa muita coisa, basta uma equipe de profissionais, uma escada, um rolo e uma lata de tinta, por exemplo”, diz.
Para Lino, a obra significa “valorização de um monumento público de referência histórica”. “o Viaduto chegou na situação em que está hoje por causa do desleixo das últimas gestões”, diz, referindo-se aos dois mandatos do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e ao segundo de João Coser. O prazo para a conclusão da obra é de 180 dias. Serão feitas manutenção e recuperação do tabuleiro, adornos, postes, muros de arrimo e do pavimento de concreto do viaduto; os trilhos remanescentes serão mantidos e recuperados, além de receber tratamento anticorrosivo.
Conforme explica, o nome Caramuru remete a uma época em que Vitória era dividida em dois grupos: peroás e caramurus. Wallace relata que, em 1832, a irmandade de São Benedito do Convento de São Francisco foi impedida de fazer a procissão em devoção ao santo negro. No ano seguinte, foi permitido o festejo, mas sem a imagem sacra, que deveria permanecer na igreja. Parte da irmandade, então, roubou a imagem do santo e a levou para a Igreja do Rosário, constituindo uma nova irmandade.
Na época, segundo o historiador e vice-presidente da Amacentro, havia um partido chamado Partido Caramuru, formado por conservadores, que defendia que o Brasil voltasse a ser colônia. A irmandade criada após o roubo da imagem passou a chamar a do Convento de São Francisco de Caramurus, que, por sua vez, apelidaram o grupo opositor como peroás, por se tratar, na época, de um peixe de pouco valor.