quinta-feira, novembro 21, 2024
24.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

Pós-graduandos da Ufes se organizam na luta pela educação

Presidente da APG, Irlan Cotrim, aponta necessidade de reajuste de bolsas de pesquisadores pelo governo federal

Na quinta-feira (19), o Ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que as bolsas de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) terão reajuste anunciado ainda em janeiro de 2023, atendendo a uma reivindicação antiga dos estudantes de pós-graduação. Em abril se completariam 10 anos sem reajuste nem correção inflacionária nas bolsas, que continuam com valor de R$ 1.500 para mestrandos e R$ 2.200 para doutorandos. A questão das bolsas de estudo é uma das principais pautas da Associação de Pós-Graduandos da Ufes (APG), criada no fim do ano passado para fortalecer a representação desses estudantes e pesquisadores na única universidade pública do Espírito Santo.

Mobilização em defesa da educação na Ufes Campus Goiabeiras. Foto: Arquivo/Adufes

É de extrema necessidade atualmente o reajuste das bolsas conforme a inflação. É essa a principal pauta histórica dos pesquisadores de Pós-Graduação nesse país. Vimos como a ciência produzida nas Universidades fez total diferença no combate ao vírus, nas medidas de proteção e na descoberta de vacinas. Infelizmente, no último governo federal não tivemos tanta abertura. Esperamos com muita esperança que em 2023 seja diferente”, declarou Irlan Cotrim, eleito presidente da entidade.

De acordo com a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a perda de poder de compra devido à falta de reajuste durante uma década chegaria a 75% para os bolsistas. A entidade nacional, à qual a APG Ufes se articula, defende um reajuste na casa de 40%, o que representaria valores atualizados das bolsas em torno de R$ 2.600 para mestrado e R$ 3.800 para doutorado.

Foi a situação de desmontes das políticas de ensino superior um dos principais fatores que alertaram os pós-graduandos à necessidade de ter uma representação unificada na Ufes em sintonia com a ANPG, fundada em 1986 e muito atuante nas questões federais. “Passamos por maus bocados durante o Governo Bolsonaro como alguns cortes de bolsa no início da pandemia de Covid-19, a entrada e a saída de sucessivos ministros da Educação (e suspeitos de corrupção) e a defasagem das bolsas Capes”.

Irlan Cotrim, presidente da APG UfesFoto: Divulgação

Agora, com a transição e início do governo Lula, o presidente da APG acredita num cenário de expectativas de maior diálogo com a nível nacional, assim como espera aproximação com o poder público estadual. “Ao contrário do que foi a relação da Pós-Graduação com o governo federal, sempre tivemos maiores contatos com o Governo Casagrande. Não foi à toa que em 2022 tivemos aumento da bolsa Fapes desde a iniciação científica até o pós-doutorado. Foi uma grande vitória da pesquisa feita em solo capixaba”, ressalta Irlan Cotrim.

Ele afirma que a entidade dos pós-graduandos está em consolidação e buscará contato com os movimentos estudantis universitários já existentes, que envolvem especialmente estudantes de graduação. “A ideia é dialogar com o máximo de representantes e de militantes para que possamos lutar, juntos, por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e sobretudo inclusiva”.

Ações afirmativas e pautas estaduais na pós-graduação

A luta por ações afirmativas na pós-graduação também é uma das bandeiras levantadas pela APG Ufes. Ao contrário dos cursos de graduação, em que funciona o sistema de cotas, o mesmo ainda não foi implementado em muitos dos cursos de pós. Essa questão foi uma das que também contribuíram para a articulação dos estudantes na Ufes para a criação da APG. “O que nos levou a discutir uma representação nesse perfil foram discussões dentro da Universidade, sobretudo acerca das ações afirmativas, pouco abrangentes nos programas de pós e com riscos de diminuírem ainda mais durante o governo federal anterior. Essa pauta mínima, que tem a ver com democratização do acesso e da permanência, foi o que unificou o corpo de pesquisadores da Ufes, seja no mestrado ou no doutorado”, explica João Paulo de Souza, secretário da APG Ufes, que agrega hoje cerca de 60 pesquisadores da universidade.

Sobre as bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), cujo mencionado reajuste no ano passado elevou os valores para R$ 2.100 para mestrado, R$ 3050 para doutorado e R$ 5.200 para pós-doutorado, João Paulo ainda observa algumas questões a serem melhoradas. “Dentre algumas que podemos especificar, seria necessário aumento de bolsas para a pesquisa nas áreas de Educação e Humanidades, por vezes preteridas em se comparando com outras áreas”, considera o secretário da APG.

“É preciso racionalizar essa distribuição entre os programas, e abrir mais espaços para nós, pós-graduandos nos conselhos concernentes à ciência, pesquisa, desenvolvimento e inovação. É preciso que não só um governo ou outro, mas que o Estado do Espírito Santo abra e mantenha abertas as portas do diálogo e da participação política. Assim, nossas demandas, e de quaisquer outras categorias, podem ser justamente atendidas”, complementa.

Mais Lidas